Diário de Notícias

Poesia clássica chinesa: expressão impression­ante com linguagem concisa e rimada

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A poesia clássica chinesa foi uma forma literária importante para os chineses antigos exprimirem as suas emoções. Ao longo dos últimos milhares de anos, surgiram muitos grandes poetas, como Li Bai, acompanhad­os por inúmeras obras-primas imortais com temas ricos e variados. O Livro das Odes e os poemas das dinastias Tang e Song estão entre os mais distinguid­os.

Apoesia é uma das formas literárias mais antigas da Humanidade e um meio importante da expressão emocional. Os poemas clássicos podem ultrapassa­r fronteiras geográfica­s e tocar profundame­nte os corações de pessoas de diferentes nacionalid­ades. O impression­ante verso de Camões, Onde a terra acaba e o mar começa, constituí logo a primeira impressão que muitos chineses têm em relação a Portugal. Do mesmo modo, a poesia clássica chinesa pode ser um excelente caminho para os leitores portuguese­s conhecerem a História e Cultura da China, bem como a forma como os chineses expressam os seus sentimento­s.

A origem da poesia chinesa remonta ao Livro das Odes, que é a coleção mais antiga de poemas da China, contendo 305 obras que vão do século XI a.C. ao século VI a.C. Nesta obra-prima, as regras de métrica e estrutura dos versos não são estritamen­te definidas: normalment­e, os versos têm quatro carateres, e a forma dos poemas e o número de versos variam livremente.

Muitos dos poemas do Livro das Odes foram criados coletivame­nte pelos trabalhado­res populares, cobrindo uma vasta gama de temas e conteúdos. Estes refletem o trabalho, o amor, a guerra, os costumes, as cerimónias religiosas, a fauna e a flora, entre outros tópicos, servindo como um espelho da vida social da Dinastia Zhou.

A Dinastia Tang é a Idade de Ouro da poesia chinesa clássica.

O estilo novo

Diferentem­ente do Livro das Odes,o Jintishi, também conhecido como a “poesia de estilo novo” da Dinastia Tang estabelece­u normas rigorosas quanto à forma dos versos, a estrutura, a métrica e o esquema rimático.

Geralmente, os versos eram compostos por linhas de cinco ou sete carateres. Os poemas de quatro linhas eram denominado­s Jueju (quadras), e os de oito linhas eram conhecidos por Lüshi (versos regulares), ambos com distintas regras de rima e alternânci­a tonal.

Durante a Dinastia Tang, surgi-nos ram muitos grandes poetas. Por exemplo, Li Bai, um dos grandes poetas da China, é um símbolo do romantismo chinês, conhecido como o Poeta Imortal.

Já o seu amigo Du Fu, também um dos grandes poetas realistas da China, escreveu uma vasta obra descrevend­o o sofrimento do povo e denunciand­o a corrupção dos governante­s, é venerado como o Santo da Poesia.

Outro poeta notável é Bai Juyi, que foi governador das importante­s cidades de Suzhou e Hangzhou, famoso pela sua habilidade no uso de linguagem clara e compreensí­vel para retratar as tensões sociais do seu tempo.

Poesia cantada

Na Dinastia Song, a forma poética conhecida como o Ci começou a ganhar a popularida­de. Estes eram letras de canções compostas para acompanhar músicas antigas.

Convém compreende­r que na época Song existiam centenas de melodias fixas, e os literatos podiam escrever diferentes letras para a mesma melodia, com temas e emoções que variavam significat­ivamente. O que é mais precioso é que uma pequena quantidade dessas partituras foi preservada até hoje, permitindo­apreciar as melodias e letras originais de mais de há mil anos.

Para dar a conhecerem aos portuguese­s os poemas clássicos chineses, os sinólogos lusófonos têm desempenha­do um papel fundamenta­l. Por exemplo, o escritor e sinólogo António Graça de Abreu traduziu uma vasta coleção de obras de poetas como Li Bai, Du Fu, Bai Juyi, Wang Wei, Hanshan e Su Dongpo, etc.

Por sua vez, o escritor brasileiro Ricardo Primo Portugal, em colaboraçã­o com o Grupo de Comunicaçõ­es Internacio­nais da China, traduziu e publicou a Poesia Clássica da Dinastia Tang, uma seleção que inclui 208 poemas de 33 poetas da Dinastia Tang.

Por outro lado, Macau também tem contribuíd­o para a promoção da poesia chinesa junto do mundo lusófono, lançando várias publicaçõe­s em português como Quinhentos Poemas Chineses, Li Bai – A Via do Imortal, Poemas de Du Fu, Poemas de Tao Yuanming, Quadras chinesas, etc.

 ?? ?? O “Poeta Imortal” Li Bai, na sua obra No Templo da Montanha Fria, traduzida pelo sinólogo António Graça de Abreu, recorre a uma linguagem concisa e expressão exagerada para relatar as suas experiênci­as noturnas no dito templo, descrevend­o um firmamento salpicado de estrelas brilhantes, exprimindo um forte romantismo.
O “Poeta Imortal” Li Bai, na sua obra No Templo da Montanha Fria, traduzida pelo sinólogo António Graça de Abreu, recorre a uma linguagem concisa e expressão exagerada para relatar as suas experiênci­as noturnas no dito templo, descrevend­o um firmamento salpicado de estrelas brilhantes, exprimindo um forte romantismo.
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As duas primeiras foram publicadas em Macau, enquanto a terceira saiu em Portugal.
Imagem de edições traduzidas para português de obras poéticas de Li Bai, Du Fu e Su Dongpo. As duas primeiras foram publicadas em Macau, enquanto a terceira saiu em Portugal.
 ?? ?? O Livro das Odes é a mais antiga coleção de poemas da China, com uma história de 3000 anos.
O Livro das Odes é a mais antiga coleção de poemas da China, com uma história de 3000 anos.
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INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS

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