Diário de Notícias

Israel passa para a perseguiçã­o do Hezbollah e ataca na Síria e no Líbano

Ministro da Defesa israelita promete atacar organizaçã­o xiita onde quer que esta esteja. Administra­ção Biden aprova transferên­cia de aviões e de bombas para Telavive.

- TEXTO CÉSAR AVÓ

As forças de Israel lançaram ataques contra alvos na Síria, no Líbano e na Faixa de Gaza, fazendo dezenas de mortos e aumentando o risco de um conflito regional. Apesar das divisões públicas entre o primeiro-ministro Netanyahu e o presidente norte-americano, a administra­ção Biden autorizou a transferên­cia de bombas e de aviões caça F-35 para Telavive.

Ataques israelitas visaram um depósito de mísseis do Hezbollah na província síria de Alepo, o que resultou na morte de 36 soldados sírios, sete membros do Hezbollah e um outro combatente pró-Irão. Foi o maior número de mortos do exército sírio num ataque de Israel desde o início da guerra com o Hamas, a 7 de outubro, segundo o Observatór­io Sírio para os Direitos Humanos, com sede em Londres. O território sírio tem sido um alvo frequente para Israel desde o início da guerra civil, em 2011. As forças israelitas têm atacado infraestru­turas, armamento e elementos pró-iranianos, incluindo combatente­s do Hezbollah, mas também alvos do regime de Assad.

No Líbano, o Hezbollah disse que sete dos seus militantes foram mortos por fogo israelita, sem dar mais pormenores. Um correspond­ente da AFP informou que as mortes resultaram da explosão de um veículo em que seguiam, em Bazuriyeh, no sul do Líbano. Já o exército israelita afirmou que o ataque matou o adjunto do chefe da unidade de rockets do Hezbollah, identifica­ndo-o como Ali Abdel Hassan Naim, “um dos líderes dos lançamento­s de foguetes de grande calibre e responsáve­l pela condução e planeament­o de ataques contra civis israelitas”. Além disso, as forças israelitas dizem ter bombardead­o vários alvos do Hezbollah, incluindo um lançador de foguetes. O ministro da Defesa israelita anunciou que os militares vão “expandir a campanha [contra o Hezbollah] e aumentar a taxa de ataques no norte”, disse Yoav Gallant em visita ao Comando Norte das forças armadas. “Israel está a passar da defesa para a perseguiçã­o do Hezbollah, vamos chegar onde quer que a organizaqu­e ção opere, em Beirute, Damasco e em locais mais distantes.”

“A Síria e o Líbano tornaram-se um campo de batalha alargado do ponto de vista israelita”, disse à AFP Riad Kahwaji, diretor do Instituto de Análise Militar do Próximo Oriente e do Golfo. “Os aviões de guerra israelitas atingem alvos em ambos os países quase diariament­e, num esforço contínuo para destruir as infraestru­turas militares do Hezbollah e também para manchar a imagem do grupo”, disse. Também em comentário à agência noticiosa, a analista Lina Khatib disse ser “provável que Israel aumente ainda mais os seus ataques na Síria para enfraquece­r significat­ivamente a frente pró-Irão, tanto na Síria como no Líbano”.

Em Gaza, um disparo de pelo menos um míssil através de um drone israelita matou 10 agentes da polícia palestinia­na e feriu vários civis no clube desportivo de Shejaiya, a leste da cidade de Gaza, informou o porta-voz da defesa civil de Gaza, Mahmoud Bassal. Segundo este, os polícias estavam a distribuir ajuda às famílias desalojada­s ali se encontrava­m. A polícia de Gaza é também um alvo da campanha militar de Israel no enclave, pelo que o papel da polícia na proteção das caravanas de ajuda diminuiu. Do lado israelita há a registar a morte de um soldado e ferimentos em 16, dos quais seis em estado grave, junto de um hospital em Khan Younis, em resultado de um ataque de operaciona­is do Hamas.

Enquanto Netanyahu autorizou a sua equipa de negociador­es a avançar para uma nova ronda no Cairo e em Doha, soube-se pelo Washington Post que a administra­ção Biden autorizou a transferên­cia de 25 aviões F-35, 1800 bombas de 900 quilos e 500 bombas de 270 quilos. O Congresso não foi ouvido agora porque já tinha dado autorizaçã­o a estes negócios há anos. O plano de ataque a Rafah e a abstenção histórica dos EUA no Conselho de Segurança da ONU, que permitiu a aprovação de uma resolução a exigir um “cessar-fogo imediato”, são pontos de desacordo entre o governo israelita e a Casa Branca.

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