Diário de Notícias

Sánchez decide ficar e é acusado por Feijóo de gozar com os espanhóis

Socialista vai continuar à frente do Governo, mas alerta para a “degradação da vida pública” espanhola e apela à mobilizaçã­o social “pela dignidade” e contra “a política da vergonha”.

- TEXTO ANA MEIRELES

Após cinco dias de reflexão, Pedro Sánchez anunciou ontem que vai permanecer à frente do Governo de Espanha, dizendo que não se pode permitir que “as mentiras mais grosseiras substituam o debate com respeito baseado em evidências”. “Decidi continuar. E continuar com mais força, se é possível, à frente do Governo de Espanha”, afirmou o socialista numa declaração feita a partir de Moncloa.

Na quarta-feira, um tribunal de Madrid confirmou a abertura de um “inquérito preliminar” por alegado tráfico de influência­s e corrupção da sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de uma queixa da Manos Limpias, uma organizaçã­o conotada com a extrema-direita baseada em alegações e artigos publicados na internet.

Numa primeira reação, no Congresso dos Deputados, Sánchez disse: “Num dia como hoje, e depois das notícias que tive, apesar de tudo, continuo a acreditar na Justiça do meu país.” Mas ao final dessa quarta-feira o primeiro-ministro extremou a sua posição, dizendo estar a equacionar demitir-se. No dia seguinte, o Ministério Público pediu arquivamen­to da queixa, por considerar não haver indícios de delito que justifique­m a abertura de um procedimen­to penal.

Cinco dias se passaram, com muitas manifestaç­ões de apoio à continuida­de de Sánchez à frente do Governo, e ontem o socialista sublinhou que ele e a família estão há anos a ser vítimas de “um assédio” e uma “campanha de descrédito” dos seus opositores, com base em boatos e mentiras que são levadas para o debate político, e apelou à reflexão sobre a “degradação da vida pública” em Espanha e à mobilizaçã­o social “pela dignidade” e contra “a política da vergonha”.

“Andamos há demasiado tempo a deixar que o lodo colonize impunement­e a vida política e a vida pública, contaminan­do-nos de práticas tóxicas”, afirmou.

Pedro Sánchez defendeu ainda que não se pode permitir que “as mentiras mais grosseiras substituam o debate com respeito baseado em evidências”. “Ou dizemos basta ou esta degradação da vida pública vai determinar o nosso futuro condenando-nos como país.”

Sánchez teve um período de reflexão de cinco dias após um tribunal anunciar um inquérito à sua mulher.

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