Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Neve ainda conquista mas Serra da Estrela quer duas épocas altas
Principal cidade no perímetro da Serra da Estrela, apesar de ser pouco frequente que neve na Covilhã durante o inverno, avista-se bem dali a serra pintada de branco. Um dos principais motivos de visita de turistas àquela região. Mas essa realidade está a mudar: há cada vez mais turistas a encantar-se com a paisagem montanhosa quando se cobre de verde e de flores. E a gastronomia é sempre um fator vencedor.
O presidente do Turismo do Centro acredita mesmo que, quer devido às tendências geradas pela pandemia – opção por locais mais isolados – quer pelas opções de viagem das novas gerações, mais viradas para a natureza, este destino passará a ter duas épocas altas. “A Serra da Estrela provou neste ano ter indicadores muito acima da média, em alguns casos com taxas de 100% de ocupação”, diz Pedro Machado. “O que quer dizer que este espaço pode, conforme venho a defender há alguns anos, ter duas épocas altas ininterruptas.”
Durante os meses de melhores condições climatéricas – entre maio e outubro – a região da Serra da Estrela reúne as condições para o pedestrianismo, para as caminhadas, para o turismo de natureza. A partir de outubro, com a chegada do frio, a região é propícia para o turismo de neve.
“Vamos ter uma segunda época alta e é aqui que acho que a Serra da Estrela se vai reinventar. E nós vamos querer que ela se reinvente, respondendo a procura 365 dias por ano. Porque oferece condições únicas nos meses mais quentes – permite ter uma fruição extraordinária através das suas valências – como depois, quando vem o frio e a neve, associados a desportos de inverno”, junta Pedro Machado.
Com o frio agora à porta, as expectativas para os próximos meses são “muito elevadas”, admite o responsável. “Há um investimento crescente na qualificação da oferta e isso é importante para permitir não só a captação de turistas como a sua permanência. E por outro lado, a região tem as suas condições naturais para poder oferecer duas épocas altas”, defende.
Depois de um verão com muitos portugueses, as perspetivas deste destino para os próximos meses são otimistas.
Outono traz boas perspetivas
Luís Veiga, do grupo Natura IMB Hotels, o maior grupo hoteleiro da região da Serra da Estrela, também se mostra otimista. “Dentro do universo das cinco unidades do grupo, três são temáticas (Puralã, Sport Hotel e H2otel) e nestas, pela sua oferta diferenciada, podemos observar uma maior procura. O caso do H2otel, que se diferencia por ser um ‘hotel destino’, evidencia já uma maior tendência de crescimento na procura, assinalável também por ser um complexo 100% wellness, onde a saúde e o bem-estar são fatores facilmente percecionados pelos hóspedes”, diz ao Dinheiro Vivo.
Até dia 5, decorre na Guarda a Cimeira Luso-Espanhola, o Lés-a-Lés e a Volta a Portugal, “eventos que se refletem também na procura pelas nossas unidades, o que indicia apenas, para já, um bom início de outubro”, sublinha.
Nestes hotéis, a ocupação nos meses de verão foi sobretudo de turistas residentes no país. Nos próximos meses, e com o objetivo de captar mais turistas, este grupo hoteleiro vai procurar “acrescentar valor ao destino, de forma a não termos de enveredar por promoções e descontos. Neste período de pandemia, o preço médio subiu nas nossas unidades temáticas”.
Apesar da fase difícil que atravessa o turismo, Luís Veiga conta com 220 funcionários, uma apostado do grupo – “estão todos em regime de contrato sem termo, pois a nossa política de recursos humanos passa por promover a corresponsabilização a todos os níveis”. O responsável deixa ainda claro que “não temos qualquer perspetiva de promover despedimentos a curto prazo. Na verdade, consideramos manter o número de ativos que existia em março, também porque se iniciará daqui a dois meses um período de procura sustentada no destino que se prolonga pelo inverno”.