Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Orçamento do Estado: uma agenda exigente mas exequível

- LUÍS MIGUEL RIBEIRO Presidente da Associação Empresaria­l de Portugal

Num período em que a conjuntura adquire maior relevo, não poderia deixar de abordar o Orçamento do Estado para 2021. Ainda não se conhece o cenário macro. Várias fontes projetam um cresciment­o positivo para 2021, que varia entre 5% e 6% ou entre cerca de 2% e perto de 5% num cenário mais adverso, de duplo impacto com segunda vaga da pandemia (que estará a desenhar-se).

No melhor cenário é um cresciment­o baixo, face ao grave ponto de partida.

A minha expectativ­a é que o próximo Orçamento permita retomar a confiança, reforçar o apoio à retoma e eliminar as restrições que persistem à atividade empresaria­l.

Na AEP, apresentám­os um conjunto de medidas emblemátic­as e mobilizado­ras, agrupadas em três vértices: liquidez das empresas; manutenção e criação de postos de trabalho; capitaliza­ção e investimen­to.

Sem ser exaustivo, destacava no apoio à liquidez: criar um fundo público de apoio à tesouraria; prorrogar as obrigações fiscais e contributi­vas enquanto durar o efeito da pandemia; estender as moratórias de crédito; regulariza­r dívidas do Estado aos privados; assegurar que as linhas de crédito chegam rapidament­e às empresas; conta-corrente do Estado com todas as empresas.

No emprego: criar programa de reindustri­alização; criar um “fundo de emergência covid-19”; retorno ao lay-off simplifica­do; corte temporário de dois pontos percentuai­s da taxa normal de IVA; preservar a competitiv­idade empresaria­l no contexto da reforma da fiscalidad­e verde e potenciar o sucesso do RERE.

Na capitaliza­ção e investimen­to: reforçar os seguros de crédito à exportação; acelerar o funcioname­nto do Banco de Fomento; conversão em transferên­cia de capital a favor das empresas de parte das garantias do Estado nas linhas de crédito; incentivo fiscal para a conversão de crédito em capital para empresas em risco de encerramen­to; regime extraordin­ário de reavaliaçã­o de ativos; prolongar o incentivo às reestrutur­ações empresaria­is; registo da dedução de prejuízos fiscais em sede de IRC como ativo fiscal e sua utilização no pagamento de impostos.

Propomos políticas complement­ares, com alterações aos Códigos Fiscal do Investimen­to e do IRC e ao Estatuto dos Benefícios Fiscais. Na despesa pública, priorizámo­s as infraestru­turas de conectivid­ade e a compra de bens e serviços com elevado grau de incorporaç­ão nacional.

Uma agenda exigente, mas exequível!

“Que o próximo Orçamento permita retomar a confiança, reforçar o apoio à retoma e eliminar restrições que persistem à atividade empresaria­l.”

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