Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Quando o país fechou, eles garantiram que não faltava comida
Manter a engrenagem logística e de produção a funcionar foi a missão. Tanto a Nobre como a Delta Cafés não pararam – pelo contrário, até aumentaram a produção, no caso da Delta em 800%. O que constituiu, naturalmente, um desafio dadas as contingências impostas pela pandemia, frisaram Lia Oliveira e Rui Miguel Nabeiro.
Como empresa de produtos de primeira necessidade e para assegurar que não faltasse nada nas despensas do país, a Nobre decidiu aumentar temporariamente a produção em 15%, o que implicou mais pessoas na equipa, exigindo formação adicional – e também reforço da equipa médica e das medidas de higiene e segurança nas instalações, explica Lia Oliveira, aproveitando para destacar o papel decisivo que teve a cooperação entre empresas para conseguir equipamentos de proteção.
E não esquecem a contribuição de todos os camionistas que se desdobraram nesta pandemia e cujo esforço foi reconhecido pelo “Food for drivers”, movimento solidário de vários países europeus que nasceu para retribuir o esforço desses profissionais. Na Nobre houve até o cuidado de reconhecer o empenho de todos os colaboradores que diariamente na fábrica, numa altura em que ainda eram muitas as incertezas e o medo, garantiram que os produtos chegavam à mesa dos portugueses.
Este é também um ponto assente para o CEO da Delta Cafés, que destaca a celeridade dos CTT nas entregas e o bom trabalho de toda a cadeia logística, o que, juntamente com o canal online, que teve “uma performance espetacular”, garantiu enorme agilidade nas entregas mesmo com um aumento de 800% na procura.
Antecipação
No início, a capacidade de antecipação foi determinante. Na Nobre, permitiu assegurar as matérias-primas e também de todos os materiais auxiliares exigidos, garantindo a resposta aos pedidos dos clientes. Na Delta, representou um trabalho prévio de consolidação de stocks e canalização da produção para as cápsulas, com maior procura doméstica. Já o consumo do café em grão, o mais consumido pelo canal Horeca, praticamente desapareceu com o fecho da restauração.
Juntos somos mais fortes
“A principal aprendizagem que tivemos nesta situação foi que as coisas podem mudar com muita rapidez”, frisa Lia Oliveira. E também que a união faz a força, poderíamos acrescentar. A prová-lo está o esforço da Delta, que adaptou uma fábrica para fazer máscaras que ofereceu a lares e hospitais juntamente com máquinas e embalagens de café, tendo-se ainda associado a outras empresas num movimento de apoio ao canal Horeca através da criação de vouchers para compensar a falta de liquidez na restauração.
Para a Nobre, face ao contexto que vivemos, o protagonismo nesta área caiu sobre o seu projeto de responsabilidade social Casa Nobre de Cidadania, que atua no âmbito da sensibilização para essa área, promovendo o exemplo individual, as boas ações, como promotor da melhoria da sociedade.
Licenciada em Gestão, pelo ISEG, Universidade de Lisboa, estreou-se profissionalmente na área da consultoria de marca e marketing, entrando, em 2012, para o departamento de marketing da Nobre, cuja direção assumiu em 2015.
Licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade Católica de Lisboa e com formação na área da programação, marketing e recursos humanos, entre outras, iniciou o seu percurso profissional com um estágio na Coprocafé - Ibéria, na área de Trading e Controlo de Qualidade, assumindo a direção de marketing da Delta em 2004 e posteriormente a direção da mesma.
Rui Miguel Nabeiro, da Delta, e Lia Oliveira, da Nobre, descrevem os desafios de manter a produção num período de enorme incerteza.