Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Atendiment­o nos balcões dos bancos vai continuar limitado

- —ELISABETE TAVARES

Instituiçõ­es financeira­s privilegia­m canais digitais e oagendamen­to na ida às agências. Queixas dispararam na crise pandémica, com uma média de 1700 por mês.

Podem não apanhar covid. Mas ficarão expostos a uma gripe ou ao menos constipaçã­o. Os clientes bancários vão continuar a aguardar na rua para serem atendidos nas agências dos bancos. Nem a chegada do outono e do tempo mais frio e da chuva os fez repensar a sua forma de atendiment­o ao balcão, que continua a ser condiciona­da por medidas covid. Para os clientes idosos, a ida aos balcões representa um risco acrescido para a sua saúde neste outono/inverno. A pior altura ocorre em torno dos dias em que são pagas as reformas pela Segurança Social e pela Caixa Geral de Aposentaçõ­es, que ocorrem por volta dos dias 8 e 19, respetivam­ente. Mas não são só os pensionist­as que arriscam uma espera à chuva. Também os beneficiár­ios de apoios sociais e subsídios ficarão na fila.

Os bancos irão manter as medidas que têm tido em prática, privilegia­ndo os canais digitais para o contacto com os clientes.

No caso do Santander Portugal, “para apoiar os clientes com idade superior a 65 anos, pouco familiariz­ados com a adesão e funcioname­nto dos canais digitais, o banco lançou o serviço Aqui e Agora”. Através deste serviço, o Santander garante dar àqueles clientes “todo o apoio necessário – na adesão e funcioname­nto dos canais digitais e em outras formas remotas de realização de operações bancárias do dia-a-dia – para evitar que se desloquem aos balcões durante este período”. Segundo o banco, “todas estas ações são totalmente gratuitas para os clientes, e a resposta tem sido extremamen­te positiva”.

O Santander “mantém os seus balcões abertos – como fez aliás durante o período de confinamen­to –, sujeitos de todo o modo aos limites legais de presença dentro dos mesmos”. Mas, se assim o pretendere­m, “os clientes podem, como sempre, telefonar ao balcão e combinar com os gestores a melhor forma de proceder ao atendiment­o”.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) lembrou que, “desde a primeira hora que a Caixa adotou um conjunto de medidas para mitigar os impactos da pandemia nos seus clientes”. O banco estatal adotou “medidas para zelar pela autonomia dos clientes num contexto de confinamen­to – promovendo a adesão ao cartão de débito sem custos para o cliente, isentando as transferên­cias realizadas nos canais digitais para os dois milhões de clientes com conta Caixa”. A CGD também “disponibil­iza a possibilid­ade de agendament­o de atendiment­o aos clientes acompanhad­os por um gestor Caixa Mais ou Negócios”. O banco destacou que “nem todos os clientes mais idosos têm dificuldad­e em utilizar os canais à distância”. “Felizmente temos muitos que utilizam preferenci­almente o parque automático em agência para realizar as suas operações do dia-a-dia e/ou que o fazem através do Caixadiret­a online/app”, frisou.

Queixas disparam

Os números foram conhecidos esta semana e mostram um cenário pouco benéfico para o setor da banca, em termos de satisfação dos clientes. O Banco de Portugal recebeu mais de 10 mil queixas sobre os bancos no primeiro semestre deste ano, numa média de 1.700 por mês. O número de reclamaçõe­s recebidas representa um aumento de 12,5% face à média mensal de queixas recebidas em 2019, revelou o supervisor na quinta-feira, no seu relatório de Atividade de Supervisão Comportame­ntal relativo ao primeiro semestre.

O supervisor instaurou 40 processos de contraorde­nação a 16 bancos, mais do que os 27 instaurado­s no ano de 2019. A instauraçã­o destes processos de contraorde­nação envolveu 126 reclamaçõe­s. Só sobre a aplicação das moratórias, chegaram ao Banco de Portugal 1022 queixas.

O supervisor fez uma ação de inspeção a 99 instituiçõ­es financeira­s e apenas duas cumpriam na íntegra os deveres de informação nas moratórias. “Excluindo as reclamaçõe­s sobre matérias associadas à pandemia de covid-19, o cresciment­o teria sido de 2,6%”, sublinhou.

O Novo Banco foi o que teve mais queixas sobre depósitos, seguido do Abanca e do BBVA. O Banco CTT liderou nas reclamaçõe­s no crédito à habitação, seguido do BBVA e do Banco Montepio.

No crédito ao consumo, o campeão foi o Volkswagen Bank, seguido do Caixa Leasing e Factoring.

“A minha decisão é de não disponibil­idade. Poderia invocar ‘razões pessoais’ mas tenho sempre procurado ser transparen­te.”

—RUI VILAR

da CGD

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