Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Lego Vendas sobem na pandemia e tijolo em braille chega em 2021
Os clássicos e licenciamentos como Harry Potter, Star Wars ou Super Mario estão a fazer brilhar os negócios da empresa. Vai crescer a dois dígitos e abrir mais 150 lojas.
Nem as lojas fechadas com a pandemia, impediram a Lego de aumentar as vendas de brinquedos. E Portugal não foi exceção: mais 9%, quando no mercado as vendas tinham crescido 2%. A companhia tem vindo a apostar em tornar-se mais sustentável – vai substituir os sacos de plástico dos sets por sacos de papel – e continua a investir na educação das crianças através do jogo. Em 2021 chega o tijolo braille a Portugal, adianta Anne Besson, diretora sénior para França e Ibéria do Grupo Lego. A empresa conta fechar o ano a crescer a dois dígitos e abrir mais 150 lojas – menos 30 do que as previstas. Nenhuma delas é em Portugal.
A Lego foi construída, literalmente, em cima de blocos de plástico. O que estão a fazer para convencer os pais ambientalmente conscientes de que estão a passar a mensagem certa aos filhos?
A Lego é sinónimo de qualidade e multigerações e as famílias sabem disso, está há anos a apoiar a aprendizagem das crianças através dos jogos. Está fortemente comprometida em tornar melhor o planeta. Em 2015, criámos um novo centro de investigação e desenvolvimento que tem como missão criar uma agenda sustentável para o grupo em termos de materiais, processos, pegada de carbono, onde já investimos 150 milhões de euros e recrutámos 150 pessoas. Trabalhamos no sentido de uma pegada de carbono neutra, com zero desperdício em termos de plástico – 100% do plástico é reciclável – e até ao momento 93% do nosso desperdício é reciclado. Movimentamo-nos para termos 100% das embalagens recicláveis, com os sacos (que envolvem as peças) a serem substituídos por papel reciclável.
Não é substituir um problema por outro? O papel também tem de ser reciclado.
Todas as soluções que encontramos são amigas do ambiente e certificadas. Por exemplo, este papel reciclado foi certificado pelo Forest Stewardship Council (FSC), assegurando que não estamos a desflorestar. Lançámos, em setembro de 2018, tijolos de plástico feito a partir de plantas (cana de açúcar) e o objetivo é termos todos os tijolos de plástico feito a partir de plantas até 2030. Este material de cana de açúcar, certificado pela World Wide Fund for Nature (WFF), usa o desperdício de cana de açúcar de produção existente.
Até março, apenas 2% (80 dos cerca de 3600 blocos) das peças Lego eram de plástico feito a partir de plantas. Não será apertado chegar a 100% em dez anos?
Temos de começar em algum ponto. Começa-se com 2%, depois 10% e depois será 100%. Por isso, estamos a investir 400 milhões adicionais para apoiar esta agenda. O investimento não será refletido no preço do produto, é algo em que o grupo está a investir para realmente tornar o planeta sustentável.
Diz que até 2030 quer ter os blocos feitos a partir de cana de açúcar. Qual o objetivo para este ano?
O grupo está a olhar para outros materiais, cana de açúcar é o que temos hoje. Desde 2018, passámos de 18 para 80 peças. Está a crescer e vai continuar até termos 100% das peças até 2030. A meta inicial era até 2032 e antecipámo-la em dois anos. Em paralelo, estamos a substituir os sacos de plástico de utilização única, por papel reciclável; a produzir mais energia do que a que consumimos; e a investir em painéis solares (antes tínhamos parques eólicos) em todas as nossas fábricas; a melhorar a produção para que consuma menos energia.
Com a Lego a atravessar gerações, são muitos tijolos em casa. Têm algum sistema de recolha para reciclagem, revenda...
Em 2019, lançámos o programa Lego Replay, um sistema de economia circular. É um projeto-piloto nos EUA (que neste ano se estende ao Canadá e que, para 2022, estamos a estudar levar a dois países europeus) com o qual demos tijolos utilizados a 23 mil crianças. A Lego quer tornar a educação acessível a todos, investindo na Fundação Lego 25% dos lucros anuais, para financiar associações que apoiam famílias com dificuldades. Lançámos um tijolo braille para que as crianças aprendam a ler braille, durante o confinamento, demos 15 milhões de dólares a diferentes associações no mundo para apoiar a educação e, no ano passado, investimos para ajudar a educação de crianças migrantes.
O Lego Braille foi anunciado em 2019...
Lançámos no Reino Unido neste ano e está a ser lançado em vários países. A Portugal, chega no próximo ano, através da ACAPO. Temos um designer português na nossa sede para assegurar que Portugal está bem representado nesta marca internacional, e um designer português que desenhou, para Harry Potter, Diagon Alley.
Apesar da pandemia e do fecho de lojas, as vendas subiram 40%
que estão a vender bem. Detetámos também adultos que querem brincar sozinhos. Por isso, a Lego passou bem durante o confinamento e continua a crescer. É o que estamos a ver em Portugal. De acordo com dados da GfK (empresa de estudos de mercado), o setor dos brinquedos tendo vindo a cair 10%, mas em agosto subiu 2%. A Lego, nesse mês, teve um melhor comportamento do que o mercado e cresceu 9%. Lidera, de longe, o mercado de brinquedos. Temos cerca de 13% da quota de mercado.
E o que mais compram os portugueses?
City e Friends são muito fortes em Portugal, a caixa clássica e o Harry Potter também estão a vender bem. Em Portugal, vemos menos jogos impulsionados pelos licenciamentos. Os produtos core são muito relevantes.
As vendas de brinquedos baseados em filmes com estreias adiadas por causa da pandemia ressentiram-se. Os jogos core da Lego não se basearam em licenciamentos. Isso tornou-vos mais resilientes?