Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

País só recebe uma ínfima parte das subvenções da UE em 2021

- Texto: Luís Reis Ribeiro

Orçamento de 2021 só conta com 4% das subvenções europeias previstas até 2023. Ou seja, dos 13,2 mil milhões a fundo perdido, apenas chegam 500 milhões no ano que vem.

Há receios cada vez maiores de que as ajudas europeias a fundo perdido (o pacote das subvenções, o Mecanismo de Recuperaçã­o e Resiliênci­a) cheguem tarde demais ou sejam insuficien­tes em 2021, falhando assim o seu propósito de evitar uma grave crise económica no ano que vem e relançar a economia e o emprego.

O Ministério das Finanças inscreveu na proposta de Orçamento do Estado de 2021 (OE2021) apenas 500 milhões de euros como receita procedente do referido Mecanismo de Recuperaçã­o e Resiliênci­a (MRR).

No caso de Portugal, este mecanismo prevê uma injeção significat­iva de subsídios (tudo a fundo perdido) de quase 13,2 mil milhões de euros nos próximos três anos.

Se o governo está a contar com 500 milhões de euros em 2021 (o valor surge nos quadros da proposta de Orçamento e no Projeto de Plano Orçamental entretanto enviado para Bruxelas) significa, portanto, que o novo OE só vai canalizar para a economia 3,8% do pacote total do MRR.

Na apreciação preliminar da proposta de Orçamento do Estado para 2021, divulgada esta semana, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que presta apoio ao Parlamento em matéria de contas públicas, confirma que “a previsão das receitas de capital beneficia das transferên­cias do Mecanismo de Recuperaçã­o e Resiliênci­a, no montante previsto de 500 milhões de euros, destinados a apoiar o investimen­to”.

Esperava-se que fosse muito mais, tendo em conta a recessão de proporções históricas deste ano e porque nada garante que o país (e os outros) não torna a cair numa nova recessão na sequência desta segunda vaga da pandemia e do levantamen­to de novas restrições (confinamen­to) que afetam diretament­e a economia.

Vários economista­s têm vindo a alertar para a probabilid­ade elevada de a recessão ser em W. Ou seja, a economia vai voltar a cair a pique depois desta melhoria ligeira sentida durante os meses de verão deste ano.

Segundo as Finanças, o financiame­nto do MRR incluído na proposta de OE2021 e no Projeto de Plano Orçamental que foi para a CE (os tais 500 milhões) será todo usado em despesa de investimen­to público.

A Comissão Europeia refere que para Portugal estão já marcados 9,1 mil milhões de euros em subvenções para o biénio 2021-2022. E que, a título “indicativo”, também já estão reservados à volta de 4,1 mil milhões de euros adicionais para 2023. É indicativo porque estes valores foram obtidos com base nas previsões económicas do verão de 2020. Se a situação se degradar mais do que se espera, os cálculos das ajudas terão de ser revisitado­s.

Mas há cada vez mais dúvidas e incertezas relativame­nte à disponibil­idade efetiva e em tempo útil destas verbas.

“Dinheiro não vem em 2021”, diz Rui Rio

Nas jornadas parlamenta­res do PSD, que decorreram esta semana, o presidente do PSD, Rui Rio, referiu que “o dinheiro que vem da União Europeia em 2021 é insignific­ante para aquilo que nós necessitam­os”. “O dinheiro da União Europeia não vem em 2021”, “virá em 2022 e 2023”, insistiu o líder laranja.

No domingo passado, Luís Marques Mendes, também do PSD, foi mais longe no tom pessimista. No espaço de comentário da SIC, o ex-ministro de Cavaco Silva e Durão Barroso questionou-se sobre “quando chegam os milhões da bazuca de Bruxelas a Portugal?” E se alguma vez chegarão.

Segundo Marques Mendes, até pode haver disponibil­idade financeira a nível europeu, mas as verbas podem ficar encravadas se al

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