Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Fileira casa reforça para cinco milhões promoção externa

Depois da quebra abrupta em abril e maio, exportaçõe­s do setor da fileira casa começam a recuperar.

- —ELISABETE TAVARES

Mais famílias estão a transferir o seu crédito à habitação para outros bancos. A luta para captar clientes está a pressionar ainda mais os juros dos empréstimo­s à compra de casa, como se viu com o recente anúncio do Bankinter de oferecer um spread de 0,95%. A DS, empresa de consultori­a e intermedia­ção de crédito, no 3. trimestre de 2020 registou “um cresciment­o na transferên­cia de créditos de 238%, que pode ser reflexo do atual contexto de crise económica, pois trata-se de uma das formas das famílias conseguire­m poupar algum dinheiro, nomeadamen­te na transferên­cia dos créditos à habitação”.

Para Nuno Rico, economista da Deco, no momento atual faz todo o sentido transferir o crédito ou renegociar: “Esta é uma altura muito propícia para uma transferên­cia de crédito ou uma negociação do contrato com o banco”. Até porque “os bancos estão disponívei­s para negociar e captar e reter clientes” a antecipar a crise que se deverá agudizar no futuro, com um estreitar do mercado de crédito. Prova disso são as diferentes ofertas dos bancos para facilitar a transferên­cia de crédito, com alguns a assumir pelo novo cliente os custos relativos à operação.

Os bancos procuram captar clientes para prevenirem adversidad­es maiores. As medidas adotadas pelo governo para combater a pandemia, incluindo o confinamen­to forçado da população, provocaram uma das maiores crises de sempre. Empresas fecharam e o desemprego disparou. Mas o pior pode estar para vir, avisa Nuno Rico. “O terramoto já houve. Mas ainda falta o tsunami”, afirmou. Para fazer face à situação, foram implementa­das moratórias no crédito, incluindo uma pública cujo prazo foi alargado e está fixado no final de setembro de 2021. Nessa altura, o crédito malparado deverá subir, segundo bancos e analistas.

Poupar milhares de euros

A renegociaç­ão ou mudança do crédito para outro banco pode gerar poupanças de milhares de euros às famílias. Segundo uma simulação da Deco, uma família que tenha contratado um crédito com um spread de 4,9%, se o conseguir passar para um de 1,1%, traduz-se numa taxa anual nominal (TAN) de 0,953%, que compara com a anterior, de 5,233%. Num crédito a 30 anos, no valor de 150 mil euros, se ainda faltarem 24 anos para o final do contrato, a mudança traduz-se numa poupança potencial de 74 mil euros. A prestação mensal, que inicialmen­te era de 826,73 euros e, entretanto, baixou 43 euros (até meados deste ano graças à queda da Euribor), com a renegociaç­ão passa para 526 euros.

O consumidor tem de ter cuidados, incluindo levar em conta três tipos de custos envolvidos na transferên­cia de crédito: custo de abertura de processo e avaliação, custos com uma nova escritura e a comissão de amortizaçã­o antecipada no banco atual. “O melhor é, primeiro, pedir duas simulações a dois bancos diferentes e usá-las para tentar renegociar com o banco onde o consumidor tem o seu crédito à habitação", afirmou Nuno Rico.

Para ajudar os consumidor­es a encontrar a melhor opção sobre uma transferên­cia do seu crédito à habitação, a Deco lançou recentemen­te o simulador “Poupe no Crédito”.

Feiras internacio­nais adiadas, mas o setor do mobiliário e decoração não colocou trancas às portas: vão reforçar até cinco milhões de euros o investimen­to na promoção da fileira no mercado externo.

Depois de uma queda abrupta, o setor, que no ano passado gerou 2,6 mil milhões de euros de receitas com as exportaçõe­s, tem vindo a recuperar. “Estamos 20% abaixo do ano anterior. Esperamos fechar o ano com perdas inferiores a 10%, mas tudo dependerá dos resultados do último trimestre”, adianta Gualter Morgado, diretor executivo da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA). São mais de 7500 empresas, que empregam mais de 61 mil colaborado­res e exportam para cerca de 187 países.

A pandemia precipitou o cancelamen­to ou adiamento das feiras internacio­nais de mobiliário e decoração, fazendo a fileira a mudar a casa para o digital e investir cerca de dois milhões na promoção através deste canal. “Mais de uma centena de empresas, apenas no âmbito do Projeto Conjunto de Internacio­nalização, já canalizara­m investimen­tos para o digital, apostando na sua promoção através de plataforma­s digitais internacio­nais como a MOM (pertencent­e à Maison & Objet), a BIMobject e a Archiprodu­cts, ou na criação de showrooms virtuais, virtual tours, imagens 360, a que se soma o investimen­to em Social Media e Marketing Digital – temos um grande número de empresas a investir avultadas quantias em Social Ads”, adianta Gualter Morgado.

“Prolongand­o-se o impediment­o de encontro físico, o montante destinado a estes certames continuará a ser canalizado para as plataforma­s digitais, podendo atingir os cinco milhões de euros”, adianta Gualter Morgado.

“Estamos a realizar encontros de negócio por via digital, potenciand­o o matchmakin­g internacio­nal”, e a associação “irá contratar empresas de consultori­a para determinad­os mercados-alvo, por forma a que identifiqu­em os importador­es-alvo com os quais será estratégic­o promover encontros diretos com os produtores portuguese­s, potenciand­o, assim, novas abordagens com targets diferentes dos tradiciona­is.”

Nem todas as 7575 empresas do setor estavam preparadas para esta viragem. “Havia empresas que estavam numa fase adiantada neste processo de transição para o digital. (...) Claro que a adaptação à nova realidade foi mais célere para estas”, comenta o gestor.

“Foram dezenas as organizaçõ­es que rapidament­e contratara­m serviços profission­ais de marketing e de comunicaçã­o, apostaram em fotografia­s de alta qualidade, produção de vídeos, posicionar­am-se nas redes sociais e nas plataforma­s digitais – há um movimento coletivo de grande dinamismo no seio destes setores”, garante o responsáve­l.

E os resultados estão a aparecer? “Estimamos que 90% do volume de negócios da Fileira Casa é fechado por esta via [digita])”, adianta. “Os mercados estão todos recetivos a este tipo de abordagem porque não têm alternativ­a, foram todos afetados pela pandemia. As novas tecnologia­s estão-nos a permitir atingir mais mercados, que fogem ao espetro dos tradiciona­is, e que nem sempre eram possíveis através da participaç­ão em feiras”.

A concorrênc­ia entre os bancos para atrair clientes e os juros baixos incentivam as famílias a transferir o seu crédito da casa.

“Estimamos que 90% do volume de negócios da fileira casa é fechado por esta via [digital].” —GUALTER MORGADO Diretor executivo da APIMA

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