Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Fileira casa reforça para cinco milhões promoção externa
Depois da quebra abrupta em abril e maio, exportações do setor da fileira casa começam a recuperar.
Mais famílias estão a transferir o seu crédito à habitação para outros bancos. A luta para captar clientes está a pressionar ainda mais os juros dos empréstimos à compra de casa, como se viu com o recente anúncio do Bankinter de oferecer um spread de 0,95%. A DS, empresa de consultoria e intermediação de crédito, no 3. trimestre de 2020 registou “um crescimento na transferência de créditos de 238%, que pode ser reflexo do atual contexto de crise económica, pois trata-se de uma das formas das famílias conseguirem poupar algum dinheiro, nomeadamente na transferência dos créditos à habitação”.
Para Nuno Rico, economista da Deco, no momento atual faz todo o sentido transferir o crédito ou renegociar: “Esta é uma altura muito propícia para uma transferência de crédito ou uma negociação do contrato com o banco”. Até porque “os bancos estão disponíveis para negociar e captar e reter clientes” a antecipar a crise que se deverá agudizar no futuro, com um estreitar do mercado de crédito. Prova disso são as diferentes ofertas dos bancos para facilitar a transferência de crédito, com alguns a assumir pelo novo cliente os custos relativos à operação.
Os bancos procuram captar clientes para prevenirem adversidades maiores. As medidas adotadas pelo governo para combater a pandemia, incluindo o confinamento forçado da população, provocaram uma das maiores crises de sempre. Empresas fecharam e o desemprego disparou. Mas o pior pode estar para vir, avisa Nuno Rico. “O terramoto já houve. Mas ainda falta o tsunami”, afirmou. Para fazer face à situação, foram implementadas moratórias no crédito, incluindo uma pública cujo prazo foi alargado e está fixado no final de setembro de 2021. Nessa altura, o crédito malparado deverá subir, segundo bancos e analistas.
Poupar milhares de euros
A renegociação ou mudança do crédito para outro banco pode gerar poupanças de milhares de euros às famílias. Segundo uma simulação da Deco, uma família que tenha contratado um crédito com um spread de 4,9%, se o conseguir passar para um de 1,1%, traduz-se numa taxa anual nominal (TAN) de 0,953%, que compara com a anterior, de 5,233%. Num crédito a 30 anos, no valor de 150 mil euros, se ainda faltarem 24 anos para o final do contrato, a mudança traduz-se numa poupança potencial de 74 mil euros. A prestação mensal, que inicialmente era de 826,73 euros e, entretanto, baixou 43 euros (até meados deste ano graças à queda da Euribor), com a renegociação passa para 526 euros.
O consumidor tem de ter cuidados, incluindo levar em conta três tipos de custos envolvidos na transferência de crédito: custo de abertura de processo e avaliação, custos com uma nova escritura e a comissão de amortização antecipada no banco atual. “O melhor é, primeiro, pedir duas simulações a dois bancos diferentes e usá-las para tentar renegociar com o banco onde o consumidor tem o seu crédito à habitação", afirmou Nuno Rico.
Para ajudar os consumidores a encontrar a melhor opção sobre uma transferência do seu crédito à habitação, a Deco lançou recentemente o simulador “Poupe no Crédito”.
Feiras internacionais adiadas, mas o setor do mobiliário e decoração não colocou trancas às portas: vão reforçar até cinco milhões de euros o investimento na promoção da fileira no mercado externo.
Depois de uma queda abrupta, o setor, que no ano passado gerou 2,6 mil milhões de euros de receitas com as exportações, tem vindo a recuperar. “Estamos 20% abaixo do ano anterior. Esperamos fechar o ano com perdas inferiores a 10%, mas tudo dependerá dos resultados do último trimestre”, adianta Gualter Morgado, diretor executivo da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA). São mais de 7500 empresas, que empregam mais de 61 mil colaboradores e exportam para cerca de 187 países.
A pandemia precipitou o cancelamento ou adiamento das feiras internacionais de mobiliário e decoração, fazendo a fileira a mudar a casa para o digital e investir cerca de dois milhões na promoção através deste canal. “Mais de uma centena de empresas, apenas no âmbito do Projeto Conjunto de Internacionalização, já canalizaram investimentos para o digital, apostando na sua promoção através de plataformas digitais internacionais como a MOM (pertencente à Maison & Objet), a BIMobject e a Archiproducts, ou na criação de showrooms virtuais, virtual tours, imagens 360, a que se soma o investimento em Social Media e Marketing Digital – temos um grande número de empresas a investir avultadas quantias em Social Ads”, adianta Gualter Morgado.
“Prolongando-se o impedimento de encontro físico, o montante destinado a estes certames continuará a ser canalizado para as plataformas digitais, podendo atingir os cinco milhões de euros”, adianta Gualter Morgado.
“Estamos a realizar encontros de negócio por via digital, potenciando o matchmaking internacional”, e a associação “irá contratar empresas de consultoria para determinados mercados-alvo, por forma a que identifiquem os importadores-alvo com os quais será estratégico promover encontros diretos com os produtores portugueses, potenciando, assim, novas abordagens com targets diferentes dos tradicionais.”
Nem todas as 7575 empresas do setor estavam preparadas para esta viragem. “Havia empresas que estavam numa fase adiantada neste processo de transição para o digital. (...) Claro que a adaptação à nova realidade foi mais célere para estas”, comenta o gestor.
“Foram dezenas as organizações que rapidamente contrataram serviços profissionais de marketing e de comunicação, apostaram em fotografias de alta qualidade, produção de vídeos, posicionaram-se nas redes sociais e nas plataformas digitais – há um movimento coletivo de grande dinamismo no seio destes setores”, garante o responsável.
E os resultados estão a aparecer? “Estimamos que 90% do volume de negócios da Fileira Casa é fechado por esta via [digita])”, adianta. “Os mercados estão todos recetivos a este tipo de abordagem porque não têm alternativa, foram todos afetados pela pandemia. As novas tecnologias estão-nos a permitir atingir mais mercados, que fogem ao espetro dos tradicionais, e que nem sempre eram possíveis através da participação em feiras”.
A concorrência entre os bancos para atrair clientes e os juros baixos incentivam as famílias a transferir o seu crédito da casa.
“Estimamos que 90% do volume de negócios da fileira casa é fechado por esta via [digital].” —GUALTER MORGADO Diretor executivo da APIMA