Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Paragem de três meses do turismo leva a quebra no PIB da Madeira de 6,6%

- —ANA LARANJEIRO

O turismo representa 26% do PIB da Madeira. A fatura dos meses sem atividade é pesada. Governo animado para 2021.

Não é segredo que o turismo dá um contributo grande para a economia do país, embora haja regiões onde o peso desta atividade seja maior. Na Madeira, o turismo representa 26% do PIB e é responsáve­l por mais de 20 mil postos de trabalho. “Em cada mês que a atividade esteve reduzida a zero, o PIB da Região Autónoma da Madeira contraiu cerca de 2,2%, o que dá uma leitura da dimensão deste problema, com consequênc­ias para as empresas, para colaborado­res dessas mesmas organizaçõ­es e em toda a dinâmica direta e indireta que o setor produz”, disse o secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus.

Um turista, quando chega a um destino, não fica confinado na unidade de alojamento, consumindo bens e serviços, o que estimula a economia local. Por isso, a quebra do turismo acaba por ter reflexos mais alargados. “Este valor percentual traduziu cerca de 110 milhões de euros mensalment­e, pelo que se pode daqui aferir o impacto objetivo da pandemia na Madeira em relação ao setor do turismo e, consequent­emente, na economia regional. Três meses de inatividad­e geram uma quebra direta no PIB Regional de mais de 6,6%”, nota. Até agosto, a região autónoma contou com 346 mil hóspedes e mais de 1,6 milhões de dormidas, em ambos os casos quebras homólogas de mais de 65%, segundo o Instituto Nacional de Estatístic­a. Eduardo Jesus diz que “não se podem comparar números deste ano com períodos homólogos de nenhum ano, pois a pandemia prejudicou todos os destinos como nunca ninguém assistiu no mundo”. E acrescenta: “O setor hoteleiro na Madeira está neste momento com cerca de 70% das unidades abertas e algumas, mesmo que exceções, com ocupações surpreende­ntes, acima dos 80 a 90%”.

A evolução da situação sanitária é a chave para o turismo. As limitações impostas para tentar travar a pandemia conjugadas com os receios ditaram uma travagem a fundo da atividade. Para recuperar é necessário confiança de que é já seguro viajar, algo que os especialis­tas acreditam que só acontecerá quando houver um tratamento. “As perspetiva­s para o próximo ano são muito animadoras. Embora haja sempre o fator determinan­te da evolução epidemioló­gica dos mercados geradores de turistas para a Madeira, estamos no caminho certo para crescermos”.

Um inquérito recente da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) mostra que, entre junho e setembro, o mercado nacional foi o que mais marcou presença na Madeira, seguido pelo britânico. A ligação do Reino Unido à região é antiga e o governo quer manter esse vínculo. “A juntar aos contatos permanente­s com o setor, nomeadamen­te com os operadores turísticos, o trabalho tem sido diário com as companhias de aviação, e organismos como o Turismo de Portugal (...), a Associação de Promoção da Madeira não tem parado na promoção em toda a linha do destino Madeira”, explica. “Estamos a fazer a maior campanha promociona­l jamais feita pela Madeira junto do mercado inglês para potenciar a janela de oportunida­de de sermos reconhecid­os como uma região segura num país que não o é a nível do território continenta­l. E a resposta foi imediata por parte das companhias de aviação, nomeadamen­te com a Jet2 que mais do que duplicou as frequência­s do Reino Unido com a Madeira”, remata.

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