Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Ana Casaca. “A transformação digital é composta de 1% de tecnologia e 99% cultura”
só indica quais as praias onde se consegue manter um distanciamento social, como também fornece dados meteorológicos.
A última das soluções presentes, desta feita a vencedora do Prémio Future Up atribuído pelo Fundação Galp, incidia sobre a problemática da gestão e poupança de recursos hídricos. A “BOW – Based on Water” é uma aplicação móvel que trabalha juntamente com um smart meter instalado nos chuveiros das nossas casas. Graças a esta solução apresentada por Lara Pontes e Maria Luís, estudantes do 11 ano da Escola Secundária de Gondomar, é possível identificar comportamentos de consumo pouco sustentáveis, reduzindo não só o desperdício de água mas também o consumo energético. Uma solução adaptada a contexto real que apresenta vantagens para os consumidores mas, acima de tudo, para o ambiente.
A head of comercial innovation da Galp acompanhou de perto os jovens participantes na Apps for Good, enquanto mentora integrante do movimento Future Up. Declara-se otimista com o futuro da inovação tecnológica e também com o futuro da nossa sociedade, fruto de uma geração de “experimentadores” focados na sustentabilidade.
Qual o balanço que faz desta edição do Apps for Good e da Apps Star Up?
Faço um balanço muito positivo, para ambas as partes. Conseguimos ver uma evolução gigante das equipas que participaram, desde a primeira vez que fizeram o pitch, até à apresentação final. Percebemos que o acesso a este programa, à mentoria com experts, permite-lhes desenvolver não só as suas ideias mas também soft skills que vão ser úteis para toda a vida. Para nós, mentores, foi também uma oportunidade de lidar com gerações que aí vêm, abrimo-nos a uma forma de ver o mundo completamente diferente daquilo a que estamos habituados no dia-a-dia, e aprender, realmente.
Para as empresas, iniciativas como estas funcionam quase como ações de scouting?
A Galp tem no seu DNA uma preocupação com a responsabilidade social, e a educação é, naturalmente, um dos seus pilares. Acreditamos, sem dúvida que o desenvolvimento e a competitividade do país dependem do apoio nas próximas gerações, na sua entrada no mundo de trabalho, mas enquanto empresa também aprendemos muito com estas iniciativas. Preparamos a empresa para receber melhor as próximas gerações.
Isso faz parte da vossa estratégia de transformação? Levar a cabo não só uma transformação digital, mas também cultural?
Sim, até porque costumo dizer que a transformação digital é composta de 1% de tecnologia, e 99% cultura. Temos de preparar as pessoas para manterem a sua capacidade de aprendizagem e adaptação às tecnologias que acabam sempre por surgir. Exemplo disso foi esta transição recente em que 60% dos colaboradores da Galp começaram a trabalhar a partir de casa utilizando ferramentas digitais, e a adaptação foi ótima porque as pessoas tinham essa capacidade de se adaptarem, independentemente da tecnologia que fosse escolhida.
Essa transformação cultural está patente nas ideias aqui apresentadas? Destaca alguma?
Mais do que destacar uma ideia, acho que o importante nesta iniciativa foi a variedade das soluções, e a capacidade que os mais jovens têm de olhar para os problemas que os rodeiam, até os problemas que são dos mais idosos (recordando duas ou três ideias que fizeram parte do programa), e para os quais facilmente encontram uma solução, desenvolvem uma app e encontram um plano de negócio para essa app. E isso advém da sua capacidade de experimentação, da facilidade de ir para o terreno e falar com pessoas, fazer quase de um dia para ou outro o que há 10 anos demoraria meses.
Quando dizemos que esta geração está ligada aos telemóveis isso não é, assim, necessariamente mau.
Não, é só preciso que nós consigamos dar alguma direção. Eu sou mãe e também me preocupo com o tempo passado em frente aos ecrãs, mas se conseguirmos que eles usem a informação disponível, que questionem de onde vem a informação e que pensem no que podem fazer com ela para melhorar o mundo, a verdade é que esta geração está sempre disponível para ir lá para fora experimentar, arriscar, procurar sempre o melhor para a sociedade. É um caminho que os adultos e as empresas também devem fazer, enquanto sociedade temos todos uma responsabilidade de olhar para as crianças e trabalhar para melhorar o mundo que construímos para eles.