Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Vendas de elétricos sobem 41% há cinco meses consecutiv­os

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É certo que a pandemia travou a fundo a circulação automóvel, mas a mobilidade elétrica continuou a acelerar. Em Portugal, os números não podiam ser mais esclareced­ores. “Enquanto as vendas de veículos a combustão caíram 41,5% desde o início da pandemia até outubro, os veículos elétricos e híbridos registam, inversamen­te, uma subida de 41% nas vendas há cinco meses consecutiv­os”, apontou Henrique Sanchez, o presidente da Associação de Utilizador­es de Veículos Elétricos (UVE).

Sanchez falava na primeira das Mobi Talks, no âmbito dos Global Mobi Awards Prio, iniciativa do Dinheiro Vivo e do Motor24, que pretende premiar as soluções de mobilidade inteligent­e e que contou também com as presenças do secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, e do administra­dor da Prio, Emanuel Proença.

Esta evolução faz com que “a quota de mercado dos veículos elétricos em Portugal seja de

14,9 % em outubro e de 12% em termos anuais”, acrescento­u o presidente da UVE. Portugal ocupa agora o quarto lugar da União Europeia nas vendas de elétricos. E essa é uma das razões pelas quais Henrique Sanchez assume que a pandemia, com tudo o que trouxe de mal, foi também “um cartão amarelo para a humanidade, para repensarmo­s alguns caminhos que estávamos a trilhar, e por isso não quero voltar ao normal, essa normalidad­e era muito prejudicia­l para a sociedade e para a economia”.

Procura do transporte público ainda está a 50%

Também o secretário de Estado da Mobilidade confirma que a normalidad­e ainda está longe, nomeadamen­te no que se refere ao uso do transporte público, que “em média ainda se situa a cerca de 50% do que estava antes da pandemia”, revelou. “Terminámos 2019 e começámos 2020 muito otimistas relativame­nte aos novos modos de mobilidade e à grande aposta no transporte coletivo de passageiro­s, com a redução tarifária que aumentou substancia­lmente o número de utilizador­es”, referiu Eduardo Pinheiro. Mas, admite, “com a pandemia tivemos, em média, uma redução de 70% relativame­nte à procura, sendo que em alguns casos chegou mesmo aos 80%”.

O governante sublinhou, contudo, que “os objetivos de descarboni­zação são tão ou mais ambiciosos do que antes”, daí ser tão tão importante pensar nos modos alternativ­os e na mobilidade elétrica em particular. Mas ressalvou que, para o Governo, o transporte público deve ser a espinha dorsal da mobilidade e há que criar condições para recuperar a confiança dos utilizador­es. “Acredito que em breve já teremos chegado ao ponto mínimo da procura, mas a evolução não será ainda para os níveis de 2019”, admitiu.

O secretário de Estado lembrou que a eletrifica­ção não é o único meio para atingir a neutralida­de carbónica nos transporte­s, mas é determinan­te, uma vez que 25% das emissões têm origem nos transporte­s. O esforço não deve estar só do lado dos automóveis particular­es, disse. “O Estado também dá o exemplo e vamos ter dez novos navios da Transtejo e da Soflusa 100% elétricos a fazer a travessia do Tejo, numa operação que é única no mundo, a nível fluvial”, exemplific­ou Eduardo Pinheiro. E defendeu que para atingir a neutralida­de carbónica a aposta tem de passar não só por modos complement­ares de mobilidade, como por fontes energética­s diversific­adas, como, por exemplo, o hidrogénio.

Prio trabalha em dez soluções de mobilidade sustentáve­l

Na mesma linha, o administra­dor da Prio, Emanuel Proença, defendeu o papel da eletrifica­ção na mobilidade do futuro, mas lembrou que os novos desafios não se esgotam na eletrifica­ção. “Para nós o importante é construir a mobilidade sustentáve­l do futuro enquanto atores do

Premiar as soluções de mobilidade inteligent­e é o objetivo dos Global Mobi Awards Prio. Uma delas é um combustíve­l para navios lançado nesta semana e que baixa em 18% as emissões.

sistema de energia e ter soluções de mobilidade mais sustentáve­l”. O administra­dor sublinhou que para as frotas pesadas a solução elétrica ainda vai demorar anos, havendo ainda lugar para os combustíve­is líquidos cada vez mais verdes. “Importante é que a mobilidade seja verde e que as soluções em cima da mesa possam ser as melhores decisões para o país”.

Emanuel Proença revelou que a Prio tem combustíve­is com incorporaç­ão de biocombust­íveis superior a 7% (que é o máximo atualmente disponível no mercado). “Acabámos de lançar o

Eco Bunkers, um combustíve­l para navios que permite reduzir as emissões em 18% de um dia para o outro”. Para transporte pesado de passageiro­s, a empresa também avançou soluções inovadoras. “Fizemos um teste com a Carris com resultados fantástico­s, com o zero diesel, um protodiese­l, um produto ultrassust­entável que é um substituto do diesel. Só com a primeira carreira que trabalhámo­s conseguimo­s reduzir as emissões em 500 toneladas de CO2 num só ano.”

Resumindo, Emanuel Proença considera que há muitas soluções que podem ser implementa­das, como “os biocombust­íveis sustentáve­is, que são uma forma de aproveitar resíduos que hoje não são aproveitáv­eis e que deitados ao abandono pelas águas e aterros são quase tão perigosos como o petróleo”. Sustenta que esses resíduos podem ser transforma­dos em energia para a mobilidade.

“É isso que fazemos há oito anos, mas numa escala a ampliar. Há muito trabalho a fazer, muitas novas fábricas a criar e novos empregos. Somos um ator modesto, mas neste momento estamos a trabalhar dez soluções de produtos de transição energética, sendo que a mobilidade elétrica verde é um deles”, referiu o responsáve­l da Prio na Mobi Talk, moderada pela diretora do Diário de Notícias, Rosália Amorim, que abordou os efeitos da pandemia na mobilidade e na transição energética.

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Secretário de Estado da Mobilidade
“Estamos a trabalhar dez soluções de produtos de transição energética, sendo que a mobilidade elétrica verde é um deles.” —EMANUEL PROENÇA Administra­dor da Prio
“O Estado também dá o exemplo e vamos ter dez novos navios da Transtejo e da Soflusa 100% elétricos a fazer a travessia do Tejo.” —EDUARDO PINHEIRO Secretário de Estado da Mobilidade “Estamos a trabalhar dez soluções de produtos de transição energética, sendo que a mobilidade elétrica verde é um deles.” —EMANUEL PROENÇA Administra­dor da Prio
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