Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Covid fecha hotéis-escola e priva alunos dos estágios
Perto de 400 finalistas do último ano letivo das escolas de hotelaria e turismo ainda não conseguiram terminar o curso. Situação só deve ser normalizada no fim do verão.
Os hotéis-escola de Lisboa e do Porto estão, desde meados de março, de portas fechadas aos alunos dos estabelecimentos de ensino do Turismo de Portugal e não deverão abrir tão cedo. A pandemia do novo coronavírus implicou a suspensão da atividade do The Artist, no Porto, e travou a entrada de estudantes no Hotel da Estrela, em Lisboa, impedindo a realização de estágios em contexto real de trabalho e o término dos cursos a centenas de alunos.
Ambos os hotéis, que estão concessionados a privados, estão na esfera das respetivas escolas de turismo e são parte integrante da formação dos estudantes. Segundo o Turismo de Portugal, esta interrupção “decorre da situação anómala que todo o setor enfrenta”, tendo sido uma decisão articulada com as direções das escolas de Lisboa e Porto.
Para a SC Hospitality, unidade que agrega os negócios de hotelaria da Sonae Capital e que tem a concessão do The Artist, “os tempos são excecionais, principalmente para o setor do turismo”, e estas circunstâncias derivadas da pandemia tiveram consequências na formação e nas escolas de hotelaria, que suspenderam as aulas, e os estágios “ficaram sem efeito por motivos de segurança dos alunos”.
A empresa adiantou ainda ao Dinheiro Vivo que “as atividades serão retomadas quando estiverem asseguradas as condições consideradas adequadas por ambas as entidades”.
Contratos sem alteração
Esta interrupção no funcionamento do hotel-aplicação (como são designadas estas unidades de formação) não implica qualquer contrapartida quer ao Turismo de Portugal quer à Escola de Hotelaria e Turismo do Porto. Como afirma a SC Hospitality, “a medida foi acorcontexto dada entre as partes dada a situação excecional criada pela pandemia e que impedia que ambas as entidades envolvidas concretizassem as ações previstas”. Nesse sentido, “o contrato de concessão com o Turismo de Portugal não sofreu qualquer alteração”.
Segundo o organismo presidido por Luís Araújo, estão a ser trabalhadas alternativas para que os alunos possam concretizar as formações em contexto de trabalho, nomeadamente, a possibilidade de colocação noutras unidades hoteleiras do grupo Sonae.
O hotel-aplicação da Estrela, em Lisboa, também não está a receber estagiários desde o início do confinamento, num processo semelhante ao sucedido no Porto. Neste caso e com o reinício das aulas, o foco do Turismo de Portugal está “na procura de alternativas que permitam manter a qualidade da formação ministrada pela Escola de Lisboa”.
Para colmatar a formação em laboral, o Turismo de Portugal está a introduzir novas modalidades de práticas profissionais, como o desenvolvimento de trabalhos práticos de investigação aplicada nas áreas comercial e de marketing, que permitam a criação de valor para as empresas e o desenvolvimento de novas oportunidades de emprego para os alunos, revela.
Já o 11 Hotel School, em Setúbal, e o Convento de S. Francisco, no Algarve, cuja gestão é da responsabilidade das respetivas escolas de hotelaria e turismo, estiveram em funcionamento durante o período inicial de confinamento para acolher profissionais de saúde e forças de segurança. O Turismo de Portugal adianta que estão atualmente em operação, mas para clientes internos (professores e colaboradores) e alguns externos que procuram com regularidade estas unidades. “Este funcionamento, ainda que mais limitado e condicionado, tem permitido a manutenção de um conjunto de práticas profissionais aos alunos” desses estabelecimentos de ensino.
Retoma em março
O Turismo de Portugal prevê que em março/abril de 2021 já seja possível a retoma dos estágios e, também, a turística, e assim reiniciar o normal funcionamento das 12 escolas que estão sob sua alçada e dos quatro hotéis-aplicação. Já os alunos finalistas do ano letivo 2019/2000, que viram o seu percurso académico travado pela crise sanitária, terão de aguardar até ao final do verão de 2021 para finalizarem os seus cursos.
Neste último ano letivo, mais de 600 alunos aguardavam o término da sua formação. O Turismo de Portugal procurou encontrar estágios em empresas, mas “porque nem sempre foi possível”, a solução foi permitir que os estudantes substituíssem a componente prática por um trabalho de investigação aplicada.
Alunos abrangidos
O Turismo de Portugal prevê que em março/abril de 2021 já seja possível retomar os estágios e reiniciar o normal funcionamento das 12 escolas.
Segundo dados de julho, cerca de 200 alunos terminam o curso, dos quais 121 conseguiram estagiar em contexto laboral. Para os cerca de quatro centenas alunos que ainda aguardam a realização dos estágios de fim de curso, porque manifestaram essa preferência, o Turismo de Portugal “tem procurado alternativas em unidades de alojamento que continuam a trabalhar”, prevendo conseguir concluir “todos estes estágios até ao final do verão de 2021”.
As escolas do Turismo de Portugal contam, neste ano letivo, com 2962 alunos.
As escolas do Turismo de Portugal contam, neste ano letivo, com 2962 alunos.