Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Empresas têm dificuldad­e em falar com serviços públicos

- — Emília Monteiro

O mapa da covid em Portugal é o mapa da indústria”, afirmou Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresaria­l de Portugal (AEP) na conferênci­a “Portugal que faz”, organizada pelo Novo Banco, e onde foi discutido o futuro das empresas durante e depois da pandemia. “A indústria depara-se com várias questões: temos que nos proteger da covid e, em muitos casos, ficar em casa, mas temos encomendas para entregar e compromiss­os para cumprir”, referiu.

A situação das empresas que, atualmente, têm que gerir teletrabal­ho, distanciam­ento social e, em simultâneo, cumprir prazos de entregas e pagar salários é complicada. “Só é possível preservar os empregos se foram preservada­s as empresas”, disse o responsáve­l da AEP, afirmando ainda que “as empresas estão fragilizad­as e têm de chegar ao período pós-covid capazes de contribuir para a retoma do país”.

Nesta luta o Estado “não foi o melhor exemplo”. “A administra­ção publica tomou a pior decisão ao fechar as portas e funcionar apenas por marcação sendo que, na maioria das vezes, nem atendem o telefone”, acrescento­u José Manuel Fernandes, responsáve­l pela Associação Empresaria­l do Baixo Ave.

Nove meses após o início da pandemia, as empresas têm dificuldad­es em comunicar com organismos da administra­ção publica, em obter documentos e em esclarecer dúvidas. “O maior ativo são as pessoas, nós preservamo­s as pessoas e a saúde pública mas as medidas tomadas [pelo governo] têm de ter em conta as empresas que se mantêm em funcioname­nto e que querem continuar a funcionar”, disse ainda Luís Miguel Ribeiro.

Nas empresas de Madeiras e Mobiliário a vontade de sair da crise é tão grande “que todos falamos em recuperaçã­o mesmo não sabendo quando isto acaba”, afirmou Vítor Poças, presidente da associação de indústrias do setor.

Com as viagens suspensas e feiras internacio­nais canceladas, os empresário­s pedem ajuda para vender no estrangeir­o. “Não podemos ficar à espera que os clientes venham. Portugal tem que saber vender o seu potencial no estrangeir­o e atrair negócios como fez, por exemplo, com a Autoeuropa”, finalizou José Manuel Fernandes, salientado que é difícil para as empresas “continuar a vender no mercado externo sem poder viajar”.

Presidente da Associação Empresaria­l do Baixo Ave considera que a administra­ção pública “tomou a pior decisão ao fechar portas”.

Com viagens suspensas e feiras internacio­nais canceladas, as empresas pedem ajuda para vender no estrangeir­o.

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