Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Paddy Cosgrave “Usufruam da Web Summit primeiro e tirem conclusões só depois”
Não houve desconto nos 11 milhões de euros pagos pelo Estado, mas o líder da Web Summit está convicto que a “experiência online da nova plataforma vai valer a pena” e explica os extras dados a Portugal devido à ausência dos visitantes.
Paddy Cosgrave não tem dúvidas que eventos internacionais como a Web Summit vão manter-se “presenciais, potenciando o contacto cara a cara entre especialistas, empreendedores e empresas”, daí que espere que em 2021 a Web Summit volte a ter 70 mil pessoas em Lisboa – acrescentando mais “uns 80 mil em versão online”. Neste ano o desafio criado pela pandemia também trouxe uma oportunidade.
“Criámos uma plataforma online única e mais do que mostrar conferências com oradores, potencia o networking e a nossa base tecnológica”, conta, em entrevista, o CEO da Web Summit, cimeira tecnológica que começou precisamente há dez anos, para 100 pessoas.
Sobre a polémica mais recente, o pagamento sem desconto dos 11 milhões de euros previstos no contrato (três milhões da câmara de Lisboa e oito do ministério da Economia) apesar de o evento se realizar apenas online, Cosgrave admite querer “fugir à discussão política, que é legítima”. “O que peço é que as pessoas usufruam da Web Summit e da plataforma que criámos e só depois tirem conclusões e avaliem o impacto que teve”, avisa. Sem falar concretamente de negociações, Cosgrave admite que por não haver visitantes no país tentaram “dar a Portugal bem mais este ano, de outras formas, mais inclusive do que foi dado ao Canadá”.
O outro evento da América do Norte, o Collision, que deveria ter sido em Toronto, em julho, realizou-se online, para 32 mil pessoas. “Foi um sucesso, mostrou que a nossa plataforma, mesmo ainda em protótipo, funcionava para networking e deixou o governo e as empresas canadianas satisfeitas”.
Agora diz que a plataforma está melhor e foram oferecidos 50 mil bilhetes a estudantes portugueses “para expandirem as suas oportunidades”, além de terem criado um canal [palco] “só para Portugal se apresentar ao mundo”. E “há bem mais empresas portuguesas com protagonismo, mais políticos [sorri], universidades e instituições do país presentes”.
Para mostrar o valor da plataforma criada – dois engenheiros portugueses lideraram as equipas que a construíram desde março – diz mesmo que no verão houve quem oferecesse 6,5 milhões para a usar e não aceitaram (“um dos motivos foi por não estar totalmente pronta”). E deixa uma explicação sobre o propósito do evento patente na plataforma: “A Web Summit não é e nunca foi só os oradores, nem pessoas num palco, essa é a desculpa para juntarmos pessoas de todo o mundo de várias áreas e potenciarmos o networking entre elas, e isso continuamos a fazer online”.
FIL terá de duplicar até 2022
Cosgrave não deixa dúvidas em relação à necessidade de duplicar o tamanho da FIL em 2022 “para poder ter ali 100 mil pessoas ou até 140 mil”. “É a base principal do contrato que assinámos e não há razões, até agora, para achar que não vai acontecer [as obras nem começaram]”, explica, assumindo que quer a Web Summit, nos próximos cinco anos, ainda mais global, “trazendo ao evento e a Lisboa mais conhecimento e novas oportunidades vindas de outras partes do mundo, como Ásia, África e
América do Sul”. Daí que em 2022 também vá passar a haver a Web Summit no Brasil. “Servirá também para promover o evento principal nessa parte do mundo”, revela. Neste momento há discrepância entre, por exemplo, os sete mil alemães que participam (“somos o evento tech que reúne mais líderes de empresas alemãs no mundo”) e