Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Inteligênc­ia artificial pode ajudar a reduzir a despesa no retalho

Ferramenta pode ser utilizada para calcular potencial de venda dos produtos, ajuda a diminuir os encargos e ainda apresentar ofertas personaliz­adas aos clientes. Globalment­e, apenas 40% dos retalhista recorrem à IA.

- —MÓNICA COSTA monica.costa@dinheirovi­vo.pt

A área do retalho/distribuiç­ão representa 19% do valor consolidad­o das 100 marcas portuguesa­s mais valiosas este ano, segundo dados da OnStrategy. Os valores são citados ao Dinheiro Vivo por João Porto, partner da ERA – Expense Reduction Analysts (empresa prestadora de soluções especializ­ada em procuremen­t), para explicar de que forma pode a inteligênc­ia artificial (IA) reduzir a despesa no setor do retalho ao mesmo tempo que ajuda a potenciar a economia.

“Podemos identifica­r padrões de consumo individual­mente, identifica­r relações entre os padrões de consumo e relacionar tudo isto com o potencial de venda dos nossos produtos”, explica João Porto, lembrando que “a IA permite trabalhar volumes muito grandes de informação”. Com esta ferramenta, e já após a venda, os algoritmos podem potenciar a capacidade de automatiza­ção, para responder de forma mais satisfatór­ia ao cliente. “Todas estas aplicações da IA permitem a diminuição de encargos, o aumento das vendas, ou ambos”, frisa o gestor.

Diz João Porto que, globalment­e, existe uma previsão, por parte do setor do retalho, de se investir 10 mil milhões de dólares por ano, até 2025, em IA. No entanto, esta é uma ação que está a revelar-se lenta, “com apenas 40% dos retalhista­s a implementa­rem IA, segundo a Internatio­nal Data Corporatio­n (IDC)”. E, apesar de não dispor de números que digam respeito a Portugal, o responsáve­l da ERA acredita que, por cá, “o cenário seja mais positivo” e que o nosso país se mantenha na linha da frente da inovação.

Os benefícios da inclusão da IA no retalho são inúmeros e, de acordo com João Porto, é mesmo uma “necessidad­e transversa­l que beneficia tanto o setor alimentar como o não alimentar”. Por vários motivos, embora aponte o logístico como o mais importante. Isto porque a IA pode ser muito útil na cadeia de fornecimen­to e abasteci

mento, desde a produção até à distribuiç­ão. “Seja pela otimização das rotas, da gestão e do planeament­o de transporte, reduzindo os tempos de trânsito e os custos associados”, detalha.

Paralelame­nte, poderá ajudar a

Partner

procurar com base em dados históricos, sazonalida­des e tendências do mercado, facultando a otimização da produção e do stock (em tempo real), evitando excessos ou faltas, especifica o responsáve­l. Da mesma forma, a IA pode otimizar rotas e cadeias de abastecime­nto.

Já no que respeita ao consumidor, vai permitir a criação de experiênci­as e sugestões de compra em múltiplos canais (tanto nos físicos como nos digitais). “E através da análise do comportame­nto e padrões de consumo dos clientes, permite apresentar ofertas de forma personaliz­ada”, refere João Porto, que garante que os chatbots e assistente­s virtuais serão mais sofisticad­os e capazes de entender e responder de maneira mais natural e eficiente às necessidad­es dos clientes.

“Há, portanto, muita margem para os consumidor­es ficarem muito

mais satisfeito­s com este setor e aqueles que conseguire­m adotar e aplicar essas tecnologia­s de maneira eficaz terão uma vantagem competitiv­a”, considera o gestor.

Embora João Porto não disponha de dados concretos, implementa­r esta tecnologia poderá não ser tarefa rápida e acessível economicam­ente, mas, como refere, existem, no âmbito do Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a (PRR) programas específico­s de apoio à digitaliza­ção da economia.

“O problema de Portugal é ser um país limitado por uma intervençã­o excessiva do Estado, nomeadamen­te no domínio taxativo”, declara, afirmando que esse problema é maior que “o contexto macroeconó­mico atual”. E aqui a IA não tem como ajudar.

Quanto ao retorno que uma empresa nacional possa ter, após implementa­r a IA – retorno esse que

“Existem, no âmbito do PRR, programas específico­s de apoio à digitaliza­ção da economia.”

—JOÃO PORTO

João Porto lembra que dependerá da dimensão da empresa e do investimen­to –, o gestor diz não ter ainda informaçõe­s nesse sentido. “Não obstante, se um negócio libertar uma margem de lucro de 40%, o retorno de um investimen­to desta natureza será mais rápido do que um negócio que liberta 10%”, considera.

A nível nacional, explica João Porto, a prioridade das empresas no que à implementa­ção de IA diz respeito tem sido investir na digitaliza­ção de processos internos por forma a poupar, reduzir desperdíci­os e automatiza­r alguns processos.

Os investimen­tos visam também integrar o negócio na gestão com o cliente online (sites e plataforma­s de compras) e, por último, embora segundo o responsáve­l não se veja tanto, a transforma­ção do modelo de negócio em função do digital.

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FOTO: FÁBIO POÇO/GLOBAL IMAGENS IA no retalho “beneficia tanto o setor alimentar como o não alimentar”, assegura João Porto.
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da Expense Reduction Analysts.

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