Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Um caminho para Portugal…

- Presidente do Conselho de Administra­ção da AEP

Este período de festividad­es natalícias, já a passos muito apressados para um Ano Novo, são momentos de encontros, de partilha e, quase sempre, de planeament­o e reflexão de como irá ser o próximo ano. Em dezembro de 2022, neste espaço de opinião, sublinhei que os portuguese­s partilhari­am as suas mesas natalícias com duas presenças, que mesmo sem terem sido convidadas, estavam bem presentes na casa de cada um de nós, pelo impacto severo no poder de compra: inflação e taxas de juro.

No ano passado, por essa mesma altura, a inflação em Portugal estava praticamen­te nos dois dígitos (9,6%) e a dos produtos alimentare­s transforma­dos atingia os “absurdos” 17,6%.

Hoje, os valores são bem distintos, de 1,5% e 3,5%, respetivam­ente. Do lado das taxas de juro, na última reunião de 2023 do Banco Central Europeu, no dia 14 de dezembro, foi anunciada a segunda pausa, mediante a perspetiva de redução gradual da inflação, prevendo-se que a aproximaçã­o ao objetivo de 2% venha a ocorrer em 2025. Embora já expectável pelos agentes económicos, é sempre uma boa notícia, num país com um endividame­nto elevado, como é o nosso caso.

Porém, sabemos que Portugal só conseguirá assegurar uma trajetória de redução do rácio da dívida (pública e privada) em percentage­m da riqueza que cria, se conseguir crescer de forma robusta e contínua.

O caminho a seguir está bem identifica­do no livro “Um caminho para Portugal – Uma política económica integrada para a produtivid­ade, a inovação e o cresciment­o”, da autoria de Carlos Tavares e Sara Monteiro, prefaciado por Miguel Cadilhe, cujo lançamento aconteceu nesta semana, em Lisboa, com a apresentaç­ão feita por José Manuel Durão Barroso e por Álvaro Santos Pereira, em que estive presente, enquanto representa­nte de uma das entidades coordenado­ras, a Fundação AEP.

Como escrevi nas notas de abertura do livro, este integra temas muito pertinente­s. Creio que estão lá todos os fatores explicativ­os que não têm permitido a nossa convergênc­ia com os países mais desenvolvi­dos da União Europeia. São temas que a AEP tem vindo a acompanhar e a apresentar propostas, de forma recorrente, aos decisores políticos, em linha com o que os autores do livro defendem.

Em 2024, o país vai a votos. Ao novo Governo, aconselho vivamente a ler, a refletir e agir, tendo como pano de fundo esta importante base de trabalho.

A todos, desejo um feliz Natal e um próspero Ano Novo.

“Portugal só conseguirá assegurar uma trajetória de redução do rácio da dívida (pública e privada) em percentage­m da riqueza que cria, se conseguir crescer de forma robusta e contínua.”

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LUÍS MIGUEL RIBEIRO

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