Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Seenergy Móveis com painéis solares podem carregar telemóveis já em 2025
Tecnologia de células solares coloridas pode ser aplicada a mobiliário de design exclusivo, captando luz solar indireta e permitindo o armazenamento de energia dentro de casa. Peças podem chegar a custar 600 euros.
Em finais do século XX, o cinema e a literatura inundavam-se de teorias sobre o mundo no futuro, imaginando os mais diversos avanços tecnológicos. Alguns desses retratos estão longe da realidade, outros vieram a confirmar-se. Agora, no ano de 2023 e em Portugal, dá-se mais um passo em direção ao futuro, com a startup Seenergy a apostar na aliança entre design e sustentabilidade, revolucionando o mobiliário como o conhecemos.
Através da incorporação de painéis solares em móveis de design exclusivo, vai ser possível carregar dispositivos eletrónicos. Não tem tomadas livres e precisa de carregar o telemóvel? Em 2025 vai poder fazê-lo na secretária através da tecnologia de células solares coloridas sensibilizadas, como explicou ao Dinheiro Vivo Rita Gomes, que em conjunto com o irmão, João Gomes, fundou a Seenergy.
O objetivo é fazer chegar ao mercado peças de mobiliário únicas e sustentáveis, neste caso, da autoria de Rita Gomes, arquiteta de profissão. A incorporação de uma nova tecnologia de painéis solares, “as chamadas Dye Sensitize Solar Cells, que utilizam propriedades de cor para criar corrente elétrica, é possível converter energia solar numa fonte energética”. Uma vez recolhida, a energia é armazenada numa bateria integrada nos móveis, podendo ser utilizada para carregar relógios digitais, telemóveis, tablets, computadores ou até alimentar candeeiros através de portas USB.
O facto de se tratar de células coloridas permite a personalização e a criação de padrões, o que as torna mais “apelativas e versáteis” no campo do design. Outra grande vantagem é serem ideais para espaços interiores, uma vez que não precisam de incidência direta da luz solar para garantir a eficiência.
Neste momento, e estando ainda numa fase de protótipo, não há valores estabelecidos para o preço de venda ao público destas peças.
No entanto, a perspetiva é de que uma mesa de cabeceira com cerca de 30 centímetros, por exemplo, ronde os 600 euros, o que se justifica pela tecnologia “ainda ser cara”. Ainda assim, a expectativa é de que acabe por ser tornar mais acessível à medida que vai evoluindo, embora o produto se direcione a um público com algumas especificidades, designadamente com gosto pelo design exclusivo e com compromisso de contribuir para um mundo mais sustentável.
Apesar do percurso da startup ser recente, tendo sido iniciado já em 2023, a grande prova de conceito aconteceu com a conquista do primeiro prémio do concurso internacional EIT Jumpstarter, promovido pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia. Depois de um percurso de oito meses, a Seenergy foi distinguida na categoria de “New European Bauhaus” com um prémio de dez mil euros, que serão totalmente investidos no projeto. Agora, e com parcerias estabelecidas com instituições académicas, como a Universidade do Porto, e laboratórios de investigação com engenheiros ligados aos departamentos de energia solar, planeiam-se os próximos passos.
Ao longo dos próximos nove meses, pretendem juntar-se a fabricantes e distribuidores para produzir stock e, volvido esse tempo, preveem mais três meses para a preparação do lançamento do produto no mercado nacional, nomeadamente com a criação de estratégias de marketing. Espera-se que o mobiliário esteja disponível já durante o ano de 2025.
Quanto ao futuro, a meta é expandir internacionalmente e alargar a capacidade de produção, permitindo aplicar a tecnologia a móveis de maior dimensão. Mas os móveis sustentáveis não têm de se limitar à utilização em casa, podendo a mesma solução ser aplicada a mobiliário urbano e até a fachadas de edifícios. A Seenergy está “atenta” a estas possibilidades e guiará o seu caminho com o objetivo de poder vir a atuar nas diversas vertentes arquitetónicas.
Startup conquistou o primeiro prémio do concurso Jumpstarter 2023, do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, no valor de dez mil euros.