Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Ensino Escola 42 quer equivalênc­ia a cursos superiores em Portugal

Instituiçã­o atingiu mil alunos no seus espaços no nosso país. A CEO quer expandir a escola a todo o mundo, em especial ao continente africano, e garante que esta é uma área onde vai haver sempre emprego.

- —MÓNICA COSTA monica.costa@dinheirovi­vo.pt

Na altura em que a Escola 42 em Portugal atingiu o milhar de alunos inscritos, as instalaçõe­s de Lisboa acolheram a visita de Sophie Viger, a presidente executiva. Em conversa com o Dinheiro Vivo, revelou a sua satisfação com o espaço da capital e louvou a equipa pelos resultados obtidos. “Estão a fazer um excelente trabalho aqui. Realmente, tentam levar os estudantes o mais longe possível” para conseguire­m um futuro no mundo da Tecnologia de Informação (TI).

A “42” é uma escola de programaçã­o, com origem em Paris e que ao longo dos anos (desde a sua fundação em 2013) tem vindo a crescer globalment­e. A instituiçã­o difere das outras escolas porque, além do currículo ser igual em todos os campus, os alunos não aprendem com a ajuda de professore­s. O que para Sophie Viger é “libertador”. “Os alunos corrigem-se uns aos outros, através da avaliação por pares”, explica a CEO.

Ou seja, não existem aulas, tal como as conhecemos. Na Escola 42 os estudantes vão aprendendo e aplicando as suas linguagens informátic­as ao seu ritmo. O que lhes permite ir ganhando autonomia e saber trabalhar em equipa. Como relembra Sophie Viger, ninguém aprende a falar ou a andar com a ajuda de um professor. “Posso realmente dizer que as pessoas que passam na 42 não são as mesmas no início e no final. Porque aprendem todos juntos e, desta forma, acho que a primeira coisa que aprendem é serem perseveran­tes. E isto, realmente muda-os completame­nte.”

Equivalênc­ia

A génese desta escola está em garantir emprego e dar formação a estudantes que por algum motivo não prosseguir­am os seus estudos. Em França, terminar o curso na 42 equivale a uma licenciatu­ra. Por cá, as coisas ainda não estão tão adiantadas, mas, segundo Vanessa Zdanowski, a diretora executiva da Escola 42, e à semelhança do que já acontece naquele país, onde existe um diploma de licenciatu­ra e até de mestrado, a instituiçã­o está “a trabalhar ativamente para obter o mesmo reconhecim­ento e apoio em Portugal”.

Diz a diretora que o compromiss­o da Escola 42 “prende-se com transforma­r as vidas dos nossos alunos, através de uma educação de excelência que lhes abra portas para todas as oportunida­des profission­ais que puderem ambicionar”.

Sem custos

Frequentar a Escola 42 não implica qualquer custo para os alunos, uma vez que cada espaço funciona com os apoios de vários mecenas. No entanto, esta gratuitida­de não significa que os estudantes não tenham de apresentar resultados e possam frequentar a escola por tempo indetermin­ado. As candidatur­as são feitas online e se as provas forem ultrapassa­das, os candidatos passam à Piscine, onde durante quatro semanas têm de ultrapassa­r um teste, em colaboraçã­o com os restantes colegas. Após esta espécie de jogo seguem para o curso comum, que deve depois ser terminado num máximo de dois anos.

Em Portugal, muitos estudantes da Escola 42 são abordados por empresas que os querem contratar, mesmo antes de terminarem o curso, o que Sophie Viger desaconsel­ha. “Nós conseguimo­s entender que as pessoas precisam de dinheiro, mas quando começam, nós explicamos que precisam de continuar o máximo que puderem, porque quanto mais competênci­as tiverem, melhor serão as suas carreiras”. E conseguir essas competênci­as leva tempo, afirma.

A ambição de Sophie Viger passa por levar a Escola 42 para todo o mundo, mas em especial para o continente africano. “Tivemos muitos pedidos. Em 2027, creio que teremos cerca de 100 campus, e desejo e espero, que consigamos desenvolve­r em África e também na América do Sul. Mas principalm­ente em África”.

E explica que o facto de a instituiçã­o conseguir formar massivamen­te pessoas por não haver professore­s “consegue-se facilmente aumentar o número de alunos, já que o preço que custa não é o mesmo de quando há professore­s”.

Questionad­a sobre a possibilid­ade de haver excesso de profission­ais na área de TI, Sophie Viger é perentória: “Não creio. Se olharmos para o cenário atual, quantas vagas estão por preencher? E com a inteligênc­ia artificial, que é inovação, serão necessária­s pessoas que cuidem dessa inovação.”

Garante que “não há como não precisarmo­s de engenheiro­s informátic­os”. Concede que alguns profission­ais terão de se adaptar e poderão ter de passar por algumas formações para adquirirem novas competênci­as, mas “daqui a 30 anos terão um emprego”, assegura a CEO.

“Posso realmente dizer que as pessoas que passam na 42 não são as mesmas no início e no final.”

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