Correio da Manha - Domingo

O QUE VESTIR HOJE

- FERNANDO ILHARCO PROFESSOR UNIVERSITÁ­RIO

Começar o dia com a roupa escolhida de véspera é começar melhor o dia. É começar com mais energia, já a ganhar. À medida que os anos passam e a pressão profission­al aumenta, sobem também as probabilid­ades de logo pela manhã, enquanto escolhemos o que vestir, nos estarmos a cansar desnecessa­riamente, a prejudicar o humor e a boa-disposição. E tudo isso porque não sabemos que camisa vestir ou que sapatos calçar. Além disso, se pensa que por ser homem está a salvo destes problemas, desengane-se. Hoje em dia os homens demoram mais tempo a escolher a roupa que as mulheres, concluiu um estudo realizado antes da pandemia pela Travelodge, cadeia de hotéis inglesa. Os homens, em média, demoram 13 minutos a escolher a roupa para o dia de trabalho. E as mulheres? 10 minutos… Sabe-se que o cansaço de um profission­al hoje em dia é sobretudo mental. O dia-a-dia é marcado por milhares de estímulos, pelo esforço de atenção constante, pela necessidad­e de avaliar, comparar e decidir, uma e outra vez, ao longo do dia todo. Neste quadro, começar a manhã com a pressão de escolher a roupa para o dia todo pode não ser o melhor começo. Todos os dias uma pessoa toma muitas decisões. O que visto? Tomo ou não um café? Atravesso agora a rua? Faço ou não o telefonema? O que vou almoçar? Tudo exige o seu tempo, atenção, memória e energia. E é preciso uma pessoa defender-se. Einstein, por exemplo, só memorizava o que não podia anotar; moradas, reuniões, combinaçõe­s várias, etc., não fazia a mínima ideia. Guardava a memória e a atenção para o trabalho. No início do dia, escolher o que vestir pode ser exigente. Talvez, em especial para muitos homens que há alguns anos vestiam fato e gravata, mas que de então para cá mudaram muito… As senhoras talvez estejam mais bem treinadas, e por isso é que o estudo que referimos acima indica que gastam menos tempo a escolher o que vestir.

O que vestir, então? Einstein, Steve Jobs, Barack Obama, Zuckerberg, o fundador do Facebook, todos eles resolviam/resolvem a questão da mesma maneira: vestir sempre o mesmo. Einstein de fato e gravata, sempre iguais. Obama, quando foi Presidente dos EUA, usava um de dois fatos escuros, azul ou cinzento; tinha dois fatos e muitas cópias. Steve Jobs vestia-se sempre de calças de ganga e camisola ou T-shirt preta. Zuckerberg de T-shirt cinzenta e calças de ganga.

Fazendo as contas, mais do que o tempo a escolher a roupa para o dia, que ao longo da vida pode chegar a mais de um ano… o importante é a energia e a atenção que se gasta nessa tarefa. Matilda Kahl, da agência Saatchi, comentou que “é preciso ter deixado de escolher a roupa para ver a energia que isso consome”, acrescenta­ndo que “um uniforme, que nos faça sentir bem, tem imensas vantagens: não pensamos mais na roupa, sentimo-nos confiantes e criativos, e toda a energia, criativida­de e atenção vão para o trabalho”.

ANTIGA ORTOGRAFIA

“Escolher a roupa gasta tempo, atenção e energia; e há quem não o faça

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