Correio da Manha - Domingo

O CHEF ANGOLANO QUE SE FEZ MESTRE NOS SABORES LUSOS

Em Benguela imitava a mãe a cozinhar e em Portugal, depois do curso de Hotelaria e Turismo, percebeu que o seu caminho só podia passar pelos tachos, apesar do desgaste e da pressão do ofício

- MARTA MARTINS SILVA TEXTO LUÍS MANUEL NEVES FOTO

Ogosto pela cozinha remonta à infância e a Angola, onde nasceu, filho de uma família humilde. “Quando eu era criança, a minha mãe cozinhava nos fogareiros e quando ela fazia isso eu ao lado tentava reproduzir aquilo que ela fazia”, recorda o chef Napoleão Valente, que veio para Portugal aos 10 anos pela mão da tia Albertina. Foi aqui que, depois de terminar o 9º ano, o tio o aconselhou a escolher um curso profission­al e optou então pela Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, onde ao gosto pela culinária começou a juntar o saber. O caminho faz-se caminhando e o dele não mais seguiu por outra estrada que não esta.

“Desde que entrei numa cozinha, aos 15 anos, nunca fiz mais nada a não ser cozinhar. E tem sido todos os dias apaixonant­e, apesar de muito desgastant­e, de existir muita pressão, de não ter tempo para estar com a família”, confidenci­a o chef natural de Benguela que, aos 30 anos, já passou por várias cozinhas. Começou por estagiar no restaurant­e Vela Latina, em Lisboa, e trabalhou no Café Luso (onde foi subchef, aos 18 anos) antes de rumar à Suíça, onde passou por dois restaurant­es (um deles o do conceituad­o hotel Lausanne Palace). No regresso teve vários poisos, entre os quais o Brasileirí­ssimo e a Fortaleza do Guincho, antes de abrir o espaço Comendador Silva, do conhecido novelista brasileiro Aguinaldo Silva. Depois dessa aventura aceitou o convite para ser um dos chefs do Pabe, considerad­o um clássico lisboeta, cargo que ocupa a par de um projeto pessoal (Napoleão lá por casa), que junta a consultori­a na área com o canal do Youtube Cozinha Valente e outras ideias que vai explorando. “No fundo, trata-se de uma outra forma de me expressar e de chegar às pessoas através de lives, jantares privados, workshops”, explica o chef, que aos 10 anos quando chegou, não pensou que ia ficar tanto tempo. “A ideia era formar-me em Portugal e regressar, mas nunca regressei. Talvez um dia regresse, quando tiver condições de construir alguma coisa por lá. É um sonho por cumprir”, assume. À mesa, diz que da sua cozinha se pode esperar “uma técnica mais afrancesad­a” e um sabor português e angolano, misto dos dois países que lhe correm no sangue: o que o viu nascer e o que o acolheu.

“Desde que entrei numa cozinha, cozin aos 15 anos, nunca nunc fiz mais nada a não ser cozinhar. E tem sido apaixonant­e

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