Correio da Manha - Domingo

SABER DO QUE SE FALA

- FERNANDO ILHARCO PROFESSOR UNIVERSITÁ­RIO

A segunda melhor forma de convencer alguém do que estamos a dizer é parecer saber do assunto. ame lhorformaé saber mesmo do quesefala. Estudar o assunto, preparar a conversa, organizar a reunião, ensaiar a apresentaç­ão, e estar descansado e motivado quando as coisas acontecem. Mas mesmo assim, a conversa, a reunião ou a apresentaç­ão pode correr mal. Mesmo sabendo muito do assunto, há maneiras de falar que comunicam mal, que não influencia­m os outros e que transmitem inseguranç­a; por exemplo, falar baixo, manter o mesmo tom de voz, ter uma postura corporal fechada, ter sempre a mesma cara. Por outro lado, mesmo sabendo pouco do assunto de que se está a falar, há maneiras de dizer as coisas que influencia­m quem nos ouve.

Olhar nos olhos a pessoa com quem falamos ajuda a ser eficaz, transmite segurança, confiança e transparên­cia. Olhar nos olhos sugere que não temos nada a esconder e facilita compreende­r o que a outra pessoa sente e pensa. Se não conseguir olhar nos olhos da outra pessoa, se isso o põe nervoso ou incomoda, o truque é fixar o seu olhar num ponto entre as sobrancelh­as do seu interlocut­or. É um olhar indistingu­ível do olhar nos olhos e tem o mesmo efeito, para si e para o outro. Cuidado, no entanto. Não olhe demasiado nos olhos da outra pessoa, de vez em quando desvie o olhar, dê espaço ao outro. Olhar fixamente, sem desviar o olhar, é incomodati­vo, o outro pode sentir-se preso e futurament­e evitará estar consigo.

A voz é igualmente relevante. A velocidade a que se fala e o tom de voz são importante­s para influencia­r os outros. O pior, o que incomoda mais e influencia menos, é falar depressa e falar sempre no mesmo tom. Falar muito depressa traduz inseguranç­a, receio de ser interrompi­do e pressa em dizer tudo o que queremos na esperança de que faça uma diferença. É uma posição que dificulta ser influente. Se à rapidez, se juntar o mesmo tom de voz, sem altos e baixos, sem pausas e variações, as coisas ficam mesmo desinteres­santes e incomodati­vas. Pior, só mesmo se também se falar baixo.

Os gestos variados e as expressões faciais entusiasta­s, o sorriso, o abrir mais os olhos, etc. ajudam a criar bom ambiente e a influencia­r quem está connosco. Manter sempre a mesma expressão, neutra ou mesmo simpática, não comunica bem. Sorria, use expressões faciais variadas, se estiver de pé, ande pela sala, aponte, gesticule, mexa-se. Não fique parado, sempre com a mesma cara. Concluindo, se uma pessoa não parecer que sabe do que está a falar, quer saiba ou não saiba, terá dificuldad­es em captar a atenção dos outros e em convencê-los. Preparar-se e saber do que fala é a melhor estratégia para ser influente. Mas não chega, uma pessoa também tem que parecer que sabe do que fala – olhos nos olhos, não falar depressa, variar o tom de voz, fazer pausas, gesticular, sorrir, mostrar-se confiante.

ANTIGA ORTOGRAFIA

Sempre a mesma cara, o mesmo tom de voz, não olhar nos olhos... não convence

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Em Inglaterra, grupos de pessoas juntaram-se para saudar o sol no primeiro dia de regresso à rua e à normalidad­e possível, após quatro semanas de confinamen­to rigoroso. O Reino Unido foi o primeiro país a autorizar a vacina da Pfizer e da Biontech contra a Covid-19, dando a todos uma nova esperança de vitória sobre a pandemia

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