Evasões

SETÚBAL ARTE DO RIO À SERRA

Do centro histórico à zona ribeirinha, passando pelos bairros sociais, não faltam paredes e muros para admirar o trabalho de artistas locais, nacionais e estrangeir­os.

- AR

Quem visitar Setúbal por estes dias pode esquecer a imagem que tinha de casas abandonada­s, paredes cinzentas e graffiti pintados sem qualquer respeito pelo espaço público. A cidade está mais limpa e aprazível desde que em 2011 a autarquia encetou o programa Setúbal mais Bonita, convocando milhares de munícipes para repararem e embelezare­m centenas de espaços públicos espalhados pelo município. A pretexto desse projeto cujo sucesso se mantém, pode dizer-se que os graffiti como expressão plástica reconhecid­a ganharam um tempo e espaços próprios. O resultado está à vista: basta percorrer a Avenida Luísa Todi e as ruas da Baixa a pé para ver os desenhos criados por writers setubalens­es em dezenas de caixas de eletricida­de da EDP, resultado de um dos primeiros concursos lançados para «promover o ordenament­o dos graffiti no espaço concelhio».

«Num passeio pelo centro, merece contemplaç­ão a obra tridimensi­onal O Rapaz

dos Pássaros, feita por Sérgio Odeith a partir de uma fotografia tirada por Américo Ribeiro (o fotógrafo que melhor retratou Setúbal durante 65 anos) nos 20 metros de altura da empena sul do Auditório José Afonso. O mural fez-se à luz do projeto Arte em Toda a Parte, que juntou a câmara municipal e a Immochan numa série de ações artísticas enquanto foi construído o Centro Comercial Alegro (aberto em 2014), e daí nasceu uma nova dinâmica para a street art, com a aprovação e participaç­ão popular.

A arte urbana tem ganho asas por toda a cidade – como o pássaro gigante pintado pelo brasileiro 2-Hands numa das empenas da tasca Adega dos Passarinho­s, na Baixa; ou os peixes voadores de Gonçalomar que surgem nos antigos estaleiros navais, junto ao rio – e atingiu um expoente máximo com o festival Cara ou Coroa em abril deste ano. Dez artistas nacionais e internacio­nais pintaram oito empenas de prédios e puseram a Alameda das Palmeiras, no bairro social da Bela Vista, nas bocas do mundo pelas melhores razões. Mostrando como a street art há muito deixou de ser marginal, na margem de uma das mais belas baías do mundo.

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