VISEU UVAS E UM LINCE METÁLICO
Há três anos que a cidade é um destino seguro de artistas urbanos e tem uma preciosa marca de Bordalo II, no espaço cultural Carmo 81.
Neste ano, na terceira edição do Festival de Street Art de Viseu, ficou claro que a cidade começou a levar o assunto bem mais a sério. Desde 2015 que o centro histórico celebra a arte urbana no âmbito do festival de enoturismo Tons da Primavera, não sendo por acaso que muitos dos murais que irrompem nas esquinas e paredes evocam o vinho e as uvas do Dão. Mariana, a miserável, AKA Corleone, Marco Mendes, Martinho Costa, Basik, Da- niel Eime, Kruella D'enfer, Mesk e Frederico Draw são alguns dos donos dos pincéis que deixaram a sua marca pela cidade.
Há muitas uvas, garrafas e copos de vinho espalhados, através de diferentes traços, pelo centro da cidade, mas não só. Circular por Viseu e pelo seu ambiente de granito pode ser sinónimo de ser surpreendido tanto pelas janelas manuelinas como por exuberantes pinturas que travam o olhar. No total, foram 16 artistas e coletivos que pintaram 18 murais nas duas primeiras edições, com o evento deste ano a ampliar a área e o foco de intervenção da arte urbana em Viseu.
Com curadoria artística de Draw, o festival de maio passado levou a arte urbana até quintas vinhateiras e escolas (onde se fizeram até algumas oficinas), com os artistas a pintarem alguns murais temáticos, entre elas um alusivo a Almeida Moreira, o fundador do Museu Grão Vasco, colecionador e mecenas de artes, mas também aos azulejos
viseenses e ainda à cidade-jardim. Mas a arte urbana ocorreu também fora deste circuito, com uma das suas mais impressionantes marcas a surgir no espaço de cultura Carmo 81, por onde passa uma vibrante movida cultural urbana independente – convidado a fazer uma residência artística em março de 2016, Bordalo II deixou no pequeno pátio exterior um lince feito de peças de automóveis. É algo a não perder numa visita a Viseu.