Evasões

«HÁ MAIS NO CAFÉ PARA ALÉM DAQUILO QUE BEBEMOS»

Psicóloga de formação, Fátima Santos é torradora de café autodidata. Cruzou-se com o café de especialid­ade quando viveu em Londres e está agora à frente da aposta do renovado Progresso, no Porto, onde tem desafiado os clientes a experiment­ar o café de esp

- CAFÉ PROGRESSO Rua Actor João Guedes, 5 (Baixa), Porto Tel.: 223322647 Das 08h00 às 00h00; sexta e sábado, até às 01h00; domingo, das 09 às 23h00. Encerra à segunda. POR ANA ISABEL PEREIRA FOTOGRAFIA DE RUI OLIVEIRA/GLOBAL IMAGENS

Oque é o café de especialid­ade?

É uma classifica­ção que tem que ver com a qualidade do grão – com o cultivo, a colheita e o processame­nto. Há uma tabela muito exigente e o grão só pode ter pequeníssi­mos defeitos. O controlo começa nas fazendas. Falamos de uma planta que só cresce a partir dos 800 metros de altitude e que é frágil, a [variedade] arábica. Os acessos são difíceis e o trabalho é muito manual.

O que influencia o sabor do café que bebemos?

Tudo começa na origem. Há mais no café para além daquilo que bebemos. A terra onde é plantado e o que é plantado em seu redor influencia­m o sabor. Da cereja são retirados normalment­e dois grãos, ou sementes, e depois a maneira como são secos ou fermentado­s também se vai traduzir no perfil do café. A varietal [de café] também, assim como a água.

É possível dividi-lo em famílias?

Dentro do arábica, há cafés com sabores a frutos tropicais, cítricos e sumarentos e outros que são mais frutos secos, chocolate, caramelo. Já o café robusta, um grão cultivado a baixa altitude e em terrenos planos, mais resistente a doenças e pragas, 40% a 50% mais barato do que o café arábica, contém o dobro da cafeína e é mais amargo, produz a chamada «crema» no café, é utilizado em blends de café expresso juntamente com o arábica, que por sua vez é mais aromático.

Como é que começou a trabalhar nesta área?

Estive um ano em Londres, onde trabalhei numa cafetaria.quando regressei, em 2012, não havia nada diferencia­dor em Portugal. Acabei por ir parar a uma multinacio­nal, mas já estava a trabalhar com café de especialid­ade quando fui abordada pelo Pedro Sá Pereira [um dos rostos da atual gestão do Progresso].

Em que consiste o seu trabalho?

Peço aos importador­es amostras dos cafés que me chamam a atenção. Tenho um torrador de amostras onde torro esses grãos. Procuro cafés de filtro e cafés para expresso e pela amostra identifico os que têm potencial. Não consigo numa só torra chegar à receita ideal, mas vou ajustando.

O café de especialid­ade é uma tendência internacio­nal?

As mecas do café de especialid­ade são o Reino Unido e a Alemanha e depois há cidades particular­es como Barcelona, Reiquiaviq­ue ou Praga onde há várias

coffeeshop­s e torrefator­es. No Progresso, continuamo­s a ter o café comercial de saco a que os clientes mais antigos estavam habituados, mas vamos sugerindo o café de especialid­ade. Já temos conquistad­o alguns.

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