Evasões

A RUA QUE NASCEU DE UM CONVENTO

Lojas de design, restaurant­es de cozinha portuguesa, um teatro cheio de vida e património secular recuperado. Tudo isto justifica uma passagem demorada pela Rua Nova da Trindade, no Chiado.

- TEXTO DE ANDRÉ ROSA | FOTOGRAFIA­S DE JORGE AMARAL/GI

Éatribulad­a a história do Convento da Santíssima Trindade dos Frades Trinos da Redenção dos Cativos, concluído em 1325. No início do século

XVIII foi destruído por um incêndio, e em 1755 pelo terramoto que sacudiu Lisboa. A construção arrastou-se durante décadas.

Em 1756, um novo incêndio lavrou no convento, sinal de que o sua extinção estaria próxima – chegou em 1834, quando do fim das ordens religiosas em Portugal. A Rua Nova da Trindade só nasceu no mapa da cidade um ano depois, à custa da destruição de mais uma parcela do edifício.

Decretada por sucessivos editais emitidos pelo Governo Civil de Lisboa entre 1859 e 1863, a Rua Nova da Trindade resultou, em grande medida, da aglutinaçã­o de outras ruas e travessas comu-

nicantes e hoje é uma artéria comercial única, de sentido ascendente a partir do Largo do Chiado e em direção ao Largo Trindade Coelho.

Com metro e tuk-tuk à porta, montras coloridas e esplanadas a convidar a refeições mais demoradas, sobretudo a partir do Largo Raphael Bordallo Pinheiro, é uma rua que continua a ter histórias por descobrir – inclusive as do convento, que ainda lá está.

01 GALANTE INTERIOR DESIGN, 5B

É quase impossível passar pela montra desta loja de rua sem reparar nas formas da cadeira Paton Chair ou no Eames House Bird, um pássaro preto de madeira lacada à mão. Estética e qualidade são dois dos valores de que o suíço marcep pernão abdica desde que fundou a Galante há 25 anos e se mudou para Portugal. No terceiro piso do Espaço Chiado funciona um showroomco­mc ande eiros,poltron as, móveis, sofás e ambientes para inspirar decorações.

02 ICON, 6B

Inês Mendes, designer gráfica, e Maria Manuel Lacerda, gestora, são amigas há mais de vinte anos e sempre quiseram ter uma loja para promover os artistas e designers portuguese­s. Há um ano, concretiza­ram o sonho com a

abertura da Icon, uma loja de 45 metros quadrados onde tudo prima pelo bom gosto. São mais de 30 marcas de talentos emergentes de todo o país, do calçado à cerâmica (best-sellers junto dos estrangeir­os ), passando pel ajo alhe ria e por artigos como velas ecológicas e desenhos científico­s. em novembro, aloja vai funcionar como oficina ao vivo.

03 TEATRO DA TRINDADE, 9

Considerad­o um dos principais teatros de Lisboa e do país, no ano em que comemora 150 anos (foi construído no século XIX), passou a ser dirigido pelo ator Diogo Infante e beneficiou de uma duplicação de orçamento. A sala é um dos mais belos exemplares da arquitetur­a teatral italiana, tem 453 lugares e foi palco para companhias proeminent­es. Nos anos 1960, o Teatro da Trindade passou para as mãos da fundação INATEL, que o tem dinamizado com uma vasta programaçã­o.

04 O PURISTA - BARBIÈRE, 16 C

Neste espaço centenário funcionava a Livraria A Barateira, que Nuno Lima Mendes costumava visitar com o avô. Talvez por isso tenha escolhido o local, há quatro anos, para instalar umapopups tore de apresentaç­ão da marca de cerveja belga Affligen em Portugal – e o que começou por ser um evento tornou-se um gentleman's club. Enquanto se espera por um corte de cabelo ou para aparar a barba, pode-se beber uma cerveja artesanal no bar, descontrai­r ao som de um DJ ou jogar snooker. As coisas mais «puras» estão todas ali.

05 BAIRRO DO AVILLEZ, 18

É uma mão-cheia de espaços de restauraçã­o, que em comum têm a marca do chef José Avillez. Na Mercearia pode-se comprar queijos, enchidos e acessórios de cozinha; na Taberna petisca-se entre clássicos e pequenos pratos; no Páteo serve-se todo o tipo de peixe e marisco. a completar o leque surge ainda o Beco, umca bar etgourmet em que sós e entra com bilhete, e a Cantina peruana e o pisco bar. abre todos os dias, atéàmei a-noite.

06 CERVEJARIA TRINDADE, 20 C

Não há quem não a conheça como a mais antiga cervejaria do país, fundada em 1836 pelo industrial de origem galega Manoel Garcia, após o desapareci­mento do Convento da Santíssima Trindade dos Frades Trinos da Redenção dos Cativos, ali erguido em 1294. A história do convento conta-se nos painéis de azulejos únicos que decoram as várias salas e que hoje encantam os turistas. O restaurant­e, gerido pelo grupo Portugália, é um «local sagrado» para quem gosta de boa comida portuguesa, com destaque para a doçaria conventual e para as cervejas sempre frescas. Abre todos os dias. Preço médio: 30 euros 07

FAZ GOSTOS, 11

No restaurant­e «onde o Algarve conhece Lisboa», a cozinha tradiciona­l portuguesa ganha texturas do sul com um arroz delingue irão daria formosa e umbi fede atumàalgar­v ia. Ma sé aind amais uma ligação de sabores regionais e heranças históricas se atentarmos que o espaço–com impressões digitais de azulejos brancos e azuis do século XVIII–funciona num adas partes reconstruí­das do convento da trindade, após o terramoto de 1755. Uma espécie de museu para recordar e saborear à mesa, aberto todos os dias, menos ao domingo. Preço médio: 25 euros.

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