PASSADIÇOS DE VILA DO CONDE
A RESERVA ORNITOLÓGICA DO MINDELO FOI A PRIMEIRA ÁREA PROTEGIDA EM PORTUGAL.
Éjunto ao mar que se faz este passeio, com o cheiro da maresia e o som das ondas a rebentar no areal, em harmonia com os assobios do vento. Os passadiços de madeira que percorrem a orla costeira de Vila do Conde – a partir da margem esquerda da foz do rio Ave – e se ligam aos do concelho de Matosinhos num percurso que se estende até ao Cabo do Mundo, mostram muito mais do que praias de areia fina. Indo para sul, o percurso começa na Azurara, onde o tempo ainda se mostra propício a banhos, pesca desportiva e surf.
Um pouco mais à frente começa a Reserva Ornitológica de Mindelo, a primeira área protegida criada em Portugal, em 1957, e que ocupa uma área de 380 hectares. Um dos seus miradouros oferece uma vista desafogada sobre a reserva e a costa. Dali, a olho atento e paciente, podem ser observadas mais de 150 espécies de aves, mas também anfíbios, répteis e pequenos mamíferos.o passadiço continua por aí fora, sobre o frágil conjunto de dunas. Peões e ciclistas revezam-se para cá e para lá num percurso que não tem destino obrigatório, mas antes algumas paragens de referência. Na Praia de São Paio, encontra-se uma as zonas mais interessantes de todo o passeio, onde ainda se veem as ruínas do antigo castro, única construção do género de que há registo no litoral do país. Subindo a falésia, além de gravuras rupestres, mostra-se uma panorâmica que alcança Vila do Conde Perafita. Lá em baixo, as praias e lagoas escondidas entre os rochedos convidam a passar a tarde na placidez daquele segredo.
Se o objetivo for prolongar o passeio, há muito para explorar. No concelho de Matosinhos, em Angeiras, os passadiços passam ladeiros aos tanques romanos da salga do peixe, e na Praia da Memória contornam o obelisco que recorda o desembarque de D. Pedro IV e do seu «exército libertador» , que a 8 de julho de 1832 ali chegaram para instaurar o regime liberal. Guerra de resistência que deu o título de Invicta ao Porto.