JOÃO PIRES
MASTERSOMMELIERE WINEDIRECTORDAMELCORESORTS&ENTERTAINMENT
Neste momento, o português João Pires, a viver em Macau, é o único Master Sommelier da Península Ibérica. Demorou quatro anos a preparar-se para as provas. «É muito difícil, especialmente quando se trabalha 12 a 14 horas por dia, o que compromete seriamente um calendário confortável para levar avante um plano de estudos. Há que levantar-se muito cedo, pelas quatro ou cinco da manhã; fechar-se ao mundo nas folgas e o investimento financeiro é considerável para viagens e compra de livros», refere em entrevista por e-mail. «Abdiquei de férias para estudar e treinar a fundo, inclusive a vida privada foi sacrificada, mas a minha companheira, Jandira, foi de uma compreensão irrepreensível.» Acredita ainda que no futuro surgirão mais MS portugueses, que podem valorizar vários projetos em Portugal.
João é hoje diretor de vinhos da Melco, o império de hotelaria e entretenimento de Macau que mais prémios acumula da Wine Spectator, com mais estrelas Michelin (sete neste momento) e distinções cinco estrelas da Forbes, no qual 19 de outubro de 2018 dirige uma equipa de 12 sommeliers. Nasceu em Moçambique, seguiu carreira militar nas Forças Armadas, e o vinho foi uma paixão tardia. «Quando representei Portugal no concurso europeu para sommeliers em 1994 em Reims, França, fiquei deslumbrado e resolvi dedicar a minha vida a esta vocação», conta. Ainda chegou a trabalhar em Lisboa, no Caesar Park Penha Longa e no Four Seasons Ritz, antes de partir para Toronto e, mais tarde, para Londres. No seu percurso alinham-se apenas espaços com duas e três estrelas Michelin: The Vineyard, Capital Hotel, Gordon Ramsay e o Dinner by Heston (de Heston Blumenthal), antes de rumar à Ásia. «Desde que cheguei há três anos e meio que a prioridade foi Wine Education, algo que atraiu motivação e resultou em lucro, pois ninguém vende o que não conhece. João acumula funções de recrutamento, financeiras, de marketing, compra de vinhos e gestão de imagem. No futuro pensa em reformar-se em Portugal e, entre outros projetos, lecionar nesta área e partilhar com outros tudo o que aprendeu numa profissão que considera também «esgotante».