Evasões

THOMAS DOMINGUES

- SOMMELIERD­ACAVE23

Os pais, ambos franceses e descendent­es de portuguese­s, sempre foram amantes de vinho. Mas, até há dez anos, a bebida de Thomas resumia-se à Coca-cola. «Tenho a sorte de ter hoje uma grande coleção de clássicos de vinhos franceses que os meus pais me ofereceram. Quando comecei a trabalhar na hotelaria nem cerveja bebia.» É natural de Paris, onde viveu até aos 16 anos, altura em que a família se muda para o Algarve. A ligação à hotelaria e restauraçã­o começa assim por ser apenas uma forma de juntar dinheiro nas férias e transforma-se num projeto profission­al. Faz estágio no Vila Joya com o sommelier Arnauld Vallet, conhece José Avillez e integra a equipa que abre o Belcanto em 2012. Mais tarde, decide tirar o curso de escanção em Coimbra, e ainda regressa a Paris para estagiar no três estrelas de Pascal Barbot, L’astrance. Continua o percurso internacio­nal no Per Se de Thomas Keller, em Nova Iorque, onde viveu dois anos, antes de voltar a Portugal. «A realidade é muito diferente lá fora, desde o tipo de serviço, o investimen­to da empresa no próprio restaurant­e, o material ... confesso que no início, vindo de Nova Iorque, fiquei um pouco desiludido.» Mas o projeto da Cave 23 acabou por o encantar. «Se calhar podia ter procurado um restaurant­e Michelin, mas optei por estar num sítio em que acredito e que me dá liberdade. Inicialmen­te a carta tinha 30 referência­s, hoje são 286, tudo a copo, o que nos obriga a uma grande gestão.» Acredita que, finalmente, os restaurant­es perceberam que um sommelier é uma arma secreta. «O sommelier aumenta pelo menos 30% da faturação mensal, além da experiênci­a que proporcion­a a um cliente.»

Confessa-se um escanção descontraí­do, mais liberal e um «hipster dos vinhos» por gostar de produtos alternativ­os e privilegia­r os vinhos naturais. «Eu só trabalho com produtores que estão a fazer vinhos como os nossos bisavós, que amam a natureza, respeitam o produto e passam todos os dias na vinha.»

NÚMEROW DE VINHOS NA GARRAFEIRA DE CASA? 300 garrafas. REGIÃO DE VINHOS PREFERIDA? Jurá, França. UM BOM VINHO DE SUPERMERCA­DO? Quinta do Cardo. ÚLTIMO VINHO QUE NÃO TE SAI DA CABEÇA? Um champanhe. Sapience de 2008. PEÇA ESSENCIAL A UM SOMMELIER? Um copo da Schott Zwiesel.

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