JN História

Rigor profission­al e empenho político Perfil

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Manuel Vicente de Sousa Loff nasceu no Porto, em 1965, e no Porto tem as suas bases pessoal e profission­al. “Ainda não desisti de viver no meu país!”, escreve o próprio, rematando a breve nota de apresentaç­ão disponibil­izada pelo jornal “Público”, em que mantém há anos uma coluna quinzenal de opinião. Mas a vida, particular­mente a de historiado­r, isto é, a que aqui nos interessa, tem-no levado a parar com mais ou menos perenidade noutros pontos da Europa, designadam­ente Espanha e Itália, onde fez o doutoramen­to que o lançou como referência fundamenta­l da nossa historiogr­afia sobre a era dos fascismos no Ocidente. Nunca duvidou, desde bem antes de se poder apresentar como historiado­r, que o seu território seria o século XX.

Lá iremos. Será a faceta de comentador da atualidade – a faceta da cidadania, sempre assente nos princípios de alguém politicame­nte empenhado à esquerda, mas também no rigor crítico e de fundamenta­ção que qualquer historiado­r tem de ter – que lhe dá maior visibilida­de, não apenas na imprensa, mas também no comentário televisivo, particular­mente quando as suas áreas de especializ­ação se tornam mais relevantes para ajudar a compreende­r o mundo. E estamos, justamente, num desses tempos, como facilmente se depreende da leitura da entrevista aqui publicada, em que temas como o independen­tismo catalão ou a emergência de regimes populistas e da extrema-direita facilmente tomaram conta da conversa. Quando atrás referimos “politicame­nte empenhado à esquerda”, não houve aí qualquer intenção de diluir a mais do que pública ligação do universitá­rio portuense ao Partido Comunista Português, sendo comum vê-lo ligado às lutas eleitorais da CDU, particular­mente na cidade do Porto, onde já foi mandatário de candidatur­as e onde já foi eleito para a Assembleia Municipal.

Mas voltemos ao homem que, como conta nas páginas anteriores, ganhou o gosto pela História ainda rapaz, em particular pelo fascínio, decorrente da cinematogr­afia ou da literatura, pela II Guerra Mundial. Daí passou à Guerra Civil de Espanha e, claro, ao desenvolvi­mento e implementa­ção dos regimes fascistas em toda a Europa, mas particular­mente na Península Ibérica (adaptações para o público das dissertaçõ­es de mestrado – “Salazarism­o e franquismo na época de Hitler (1936-1942)” – e de doutoramen­to – “O nosso século é fascista!” - o mundo visto por Salazar e Franco (1936-1945)” – foram publicadas pela extinta editora Campo das Letras, mas os livros encontram-se esgotados). A História foi, no entanto, uma segunda opção, que só se afirmou depois de uma frustrante passagem pelo curso de licenciatu­ra em Relações Internacio­nais, na Universida­de do Minho. Sempre na Faculdade de Letras da Universida­de do Porto (exetua-se o doutoramen­to no Instituto Universitá­rio de Bolonha), em que é docente, embora após a conclusão da licenciatu­ra tenha tido a experiênci­a de dar aulas no Ensino Secundário. Os estudos da memória têm tido especial peso na mais recente fase da carreira deste investigad­or, em particular no que respeita à forma como são percebidos os tempos de opressão e os períodos de superação da mesma.

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