Os dividendos vão aumentar no PSI-20?
Galp, Corticeira Amorim e Jerónimo Martins. Foram três cotadas que aproveitaram a divulgação das contas anuais para anunciarem também uma subida do dividendo. Mas há mais empresas a poder seguir estes passos? João Lampreia defende que não se deve inferir destes anúncios “uma extrapolação genérica para outras empresas do PSI-20”. O director de “research” do BiG refere que “o eventual reforço da política de dividendos, por qualquer empresa, traduz o equilíbrio entre o binómio de geração de fluxos de caixa e/ou resultados face ao nível de robustez e qualidade do balanço”. No entanto, João Lampreia destaca “a possibilidade do reforço do dividendo (numa base homóloga) pela Navigator em resultado da evolução favorável das operações e pelo adiamento do investimento da fábrica em Cacia que foi diferido para 2017”. Também nos CTT, o analista refere que, “apesar do estágio desafiante em que se encontra a actividade do Banco Postal, [a empresa] deverá continuar a reforçar o valor do dividendo com base na elevada proporção do ‘cash’ em balanço, cerca de 47,5% dos activos totais”. Apesar do investimento baseado em dividendos poder fazer sentido, “quando implementado num enquadramento temporal de longo prazo, sobretudo tendo em conta o actual estágio de taxas de juro estruturalmente baixas”, João Lampreia ressalva que no mercado português existem factores que poderão complicar esse tipo de estratégia . Exemplifica com os “níveis historicamente elevados” do prémio de risco da República e a “debilidade estrutural da economia portuguesa, num eventual contexto de reversão das políticas” de compras do BCE. João Lampreia conclui que esses factores poderão “condicionar o paradigma lógico do racional de investimento assente na perspectiva de reforço/manutenção da política de dividendos das cotadas do índice accionista nacional de referência”.