Banca carrega comissões do crédito
Desde 2011 que não se compravam tantas casas com empréstimo.
Comissão de avaliação, de dossier, de formalização, de processamento da prestação: são várias as despesas cobradas pelas instituições financeiras no crédito à habitação. E estão a aumentar à boleia dos novos financiamentos.
Que as novas operações do crédito à habitação estão a aumentar não é uma novidade. Que os bancos estão a aumentar os valores cobrados em comissões também não. E as duas coisas estão a acontecer em simultâneo. Ou seja, as instituições financeiras estão a elevar os valores exigidos aos investidores com empréstimos para a compra de casa para aproveitar o aumento das operações. Nos últimos dois anos, estas comissões aumentaram 13%, em média. Mas, em alguns casos, as despesas chegam a duplicar. Depois de alguns anos em queda, o novo crédito à habitação voltou a aumentar, em 2015. O montante emprestado pelos bancos está em máximos de sete anos, segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal. Entre Janeiro e Abril deste ano, foram concedidos 2,3 mil milhões de euros para a compra de casa. Para aproveitar esta maior procura de crédito por parte das famílias, as instituições financeiras têm vindo a aumentar os encargos cobrados. A comissão de processamento da prestação tem sido a “preferida” dos bancos quando chega a hora de avançar com agravamentos. O último foi o BCP que, em Abril, passou a cobrar 2,60 euros (incluindo imposto do selo) por mês para processar a mensalidade devida pelos clientes. Este valor supera em 56% os 1,66 euros cobrados até então. Antes disso, logo no início do ano, a CGD avançou com um aumento nesta mesma despesa. Passou a co- brar 2,60 euros mensalmente, mais 38,9%. Já no final do ano passado, os clientes do Montepio passaram a pagar o dobro nesta comissão: subiu de 1,95 euros para 3,90 euros. As instituições financeiras cobram, assim, mensalmente 2,66 euros, em média, pelo procedimento informático de processar o valor da prestação do financiamento. Este valor sofreu um agravamento de 49% nos últimos dois anos, de acordo com os dados recolhidos pelo Negócios nos sites dos bancos. Esta comissão é paga mensalmente e representa, no final do crédito, um valor relevante. Além disso, pode ser alterada ao longo do prazo do financiamento, como tem vindo a acontecer nos últimos anos. Entre os 11 principais bancos nacionais, apenas o BPI e o Bankinter não aplicam esta despesa. Os CTT, que entraram neste segmento no início do ano, cobram 2,08 euros por mês. Além desta comissão, outras foram agravadas. Comissão de avaliação, comissão de dossier e comissão de formalização e escritura são hoje mais caras do que eram há dois anos. A despesa cobrada para a avaliação do imóvel custa, em média, 243,5 euros (incluindo imposto do selo). Mais 15% do que em Junho de 2015. O Novo Banco foi o responsável pelo
maior aumento. Passou a cobrar 322,4 euros, o que compara com os 239,2 euros anteriores. Contudo, nas duas outras comissões, o BIC é o protagonista dos maiores aumentos. Passou a cobrar 270,4 euros pela abertura do processo de financiamento (mais 30% do que antes) e 124,8 euros pela formalização e escritura do processo (mais 85% do que em Junho de 2015).