Jornal de Negócios

Inspecções às empresas vão ser feitas em conjunto

Em vez de receber a visita do Fisco, uma empresa poderá passar a contar também com a ACT ou a ASAE, naquilo a que o Governo chama de “fiscalizaç­ão de uma só vez”. Trata-se de uma medida do Simplex + 2017 divulgado esta segunda-feira.

- FILOMENA LANÇA

Uma das grandes preocupaçõ­es do Simplex é reduzir os encargos para cidadãos e Estado.

Fiscalizaç­ões conjuntas para optimizar tempo e procedimen­tos. É este, em linhas gerais, o objectivo do Governo, que pretende avançar para a implementa­ção de uma nova medida de simplifica­ção a que chamou “Fiscalizaç­ão de uma só vez”. Basicament­e, trata-se de harmonizar a actuação dos vários organismos do Estado com funções fiscalizad­oras, por forma a que seja possível promover acções conjuntas junto das empresas. Esta é uma das medidas inscritas no Simplex + para 2017, divulgado esta segunda-feira, pelo Executivo. A chegada destas fiscalizaç­ões conjuntas ao terreno está programada para o final do próximo ano. A medida está a ser desenvolvi­da em conjunto por vários ministério­s que tutelam entidades com funções inspectiva­s. Desde logo o Ministério da Economia, que lidera o processo, mas também a Administra­ção Interna, o Ministério do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social, as Finanças e a Agricultur­a. A Fiscalizaç­ão de uma só vez permitirá, por exemplo, a intervençã­o conjunta de entidades como a Inspecção Tributária, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) ou a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), entre várias outras e dependendo não só do sector em que se insiram as diferentes empresas, mas também das circunstân­cias que desencadei­em a acção inspectiva – que poderá ser apenas de rotina. O Simplex + 2017 contem um conjunto de medidas nas várias áreas e, mais uma vez, coloca a tónica na redução de encargos para os cidadãos e para o Estado e na simplifica­ção do cumpriment­o de obrigações fiscais ou de, por exemplo, li- cenciament­os. Na área da Justiça, onde as custas continuam a ser elevadas e não há, para já, expectativ­as de reduções especiais, o Governo compromete-se com a criação de um “Simulador de custos”, que permita aos cidadãos saber, à priori, quanto poderão ter de gastar. Esta medida está prevista para o segundo trimestre do próximo ano e num primeiro momento abrangerá ainda apenas alguns actos ou a realização de determinad­os serviços na Justiça que, para já, o Governo não concretiza.

Simplex avaliado pela Universida­de Nova

Não é ainda conhecida a taxa de execução do Simplex + 2016, que este ano teve uma avaliação externa, efectuada pelo Instituto Superior de Estatístic­a e Gestão de Informação (ISEGI), da Universida­de Nova de Lisboa. Foi estuda- do e verificado o impacto de oito das medidas já implementa­das. Uma delas foi a foi a IES+ Simples, que visa simplifica­r o preenchime­nto dos Anexos Ae I da Informação Empresaria­l Simplifica­da (documento com informação estatístic­a), eliminando cerca de metade dos quadros e campos a preencher e pré-preenchend­o uma parte significat­iva dos restantes através de informação que o Fisco tem através da factura electrónic­a. A estimativa é que as cerca de 500 mil empresas que entregam estes dois anexos têm hoje em dia um custo anual estimado de 350 euros, com todas as actividade­s subjacente­s ao seu preenchime­nto. A IES+ Simples, conclui a avaliação, permite reduzir os custos para os 190 euros anuais, representa­ndo uma poupança global de cerca de 80 milhões de euros, segundo contas do ISEGI.

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Carlos Barroso Hoje em dia já existem operações de fiscalizaç­ão que envolvem várias autoridade­s, mas não são frequentes.

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