Haitong não vê risco de a Nos repetir guerra pelos conteúdos
Se a TVI for comprada por uma operadora, dificilmente os reguladores deixarão que seja distribuída em exclusivo, pelo que reiniciar uma guerra de conteúdos caso a Altice compre a Media Capital não faz qualquer sentido, defende o banco de investimento Hait
As notícias sobre a eventual compra da Media Capital, dona da TVI, pela Altice têm sido recorrentes.
Adisputa pelos direitos de transmissão televisiva de jogos de futebol gerou uma guerra entre as operadoras de telecomunicações, que teve impacto negativo na cotação das acções da Nos e obrigou a empresa a aumentar o investimento. Numa altura em que se intensificam as notícias de que a Altice poderá avançar para a compra da Media Capital e a Nos responder com a aquisição de outra empresa de media, o Haitong diz que não faz sentido uma repetição desta guerra pelos conteúdos no mercado português. “Pensamos que não faz qualquer sentido reiniciar a disputa por conteúdos em Portugal, sobretudo quando há uma recuperação do mercado”, refere o analista Nuno Matias, numa nota de research publicada na sexta-feira. O analista acrescenta que “dificilmente o regulador permitirá uma exploração em exclusivo da TVI”, com a estação de televisão disponível apenas numa operadora, “sendo que os restantes canais não têm relevân- cia suficiente para justificar uma guerra de conteúdos”. Assim, “estamos tranquilos com os riscos relacionados com este assunto e descartamos qualquer possibilidade de a Nos efectuar um movimento preventivo como aconteceu nos direitos de futebol”, acrescenta o Haitong. Na mesma nota de “research”, o Haitong cortou o preço-alvo das acções da Nos, de 7,6 euros para 7,1 euros, devido à revisão da estimativa para o “capex” (investimento operacional) ao longo dos próximos três anos. O Haitong acredita que é precisamente a expectativa mais elevada de investimento que tem penalizado as acções da Nos, que desde o início do ano apresentam um desempenho 17% inferior ao PSI20. Mas não só. Para o banco de investimento, a decisão da Nos em não fornecer ao mercado uma actualização da sua estratégia também penalizou as acções e o sentimento dos investidores com a empresa.