Jornal de Negócios

Sebastião Pereira e o jornalismo português

- CAMILO LOURENÇO Jornalista de economia camilolour­enco@gmail.com

Os jornalista­s andam num alvoroço por causa de um Sebastião Pereiraque disse no “El Mundo” que gerimos mal floresta e incêndios. E iniciaram uma caça ao nome: É real? É pseudónimo? Pergunta: se Sebastião Pereira tivesse assinado uma peça “neutra”, ter-se-iam incomodado com o assunto? A classe jornalísti­ca ainda não percebeu que a forma de fazer informação mudou. E em vez de procurarem fantasmas deviam preocupar-se com os desafios do setor: em 2000 (APCT) o “Público” vendeu 25 mil exemplares, em 2016 ficou pelos 14 mil. Entre 2000 e 2016 as vendas do “JN” cairam 48%, “DN” 77%”, “Público” 43% e “Expresso” 30%. Ouch!!! Isto não lhes diz nada? E a fragilíssi­ma situação financeira das empresas de comunicaçã­o social? Não tinha lido o tal Sebastião até ver a sanha contra ele. Mas não vi lá nada de especial. O que incomodou? O título (“Caos en el mayor incendio de la historia de Portugal: 64 muertos, un avión fantasmay2­7 aldeas evacuadas”? Ou... “a desastrosa gestão da tragédia pode pôr fim à carreira política de António Costa”? Há quem ande a tentar contrapor Informação a Jornalismo, vendendo o segundo como Excelência porque é legitimado pela “carteira”. Errado: o que interessa é a credibilid­ade dos conteúdos, não o “título” de quem os produz. E a credibilid­ade não advém da “comissão de carteira” e muito menos do sindicato. O Google fatura 120 milhões em Portugal e o Facebook 60 milhões. É dinheiro que deixou de entrar nas empresas de comunicaçã­o. Got it? Acordem! Artigo em conformida­de com o novo Acordo Ortográfic­o

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