Jornal de Negócios

Os incêndios e a geografia humana

- CELSO FILIPE

“Não vale a pena reformular políticas florestais sem combater a desertific­ação humana.” FRANCISCO MOITA FLORES

“O crime é simples de identifica­r: abandono, puro e simples, do território.”

HENRIQUE MONTEIRO

“Esta não é uma tragédia que se esqueça e tudo o resto parece ridículo a seu lado.”

RICARDO COSTA

Ainda no rescaldo da tragédia de Pedrógão Grande, o país está mergulhado num debate sobre os incêndios e a sua prevenção, havendo agora uma corrida acelerada à denominada reforma florestal como esta fosse a panaceia para todos os males. Francisco Moita Flores, no Correio da Manhã, muda o rumo da reflexão e aponta-a na direcção da geografia humana do país. “Não vale a pena reformular políticas florestais sem enfrentar o maior desafio: combater a desertific­ação humana. Dar vida ao interior do país para que a floresta seja vivida. Não há como fugir a esta verdade incontorná­vel por melhores que sejam os discursos desculpabi­lizantes de políticos”. No Expresso, Henrique Monteiro, caminha no mesmo sentido. “O crime é simples de identifica­r: abandono, puro e simples, do território”. E, com o dedo apontado a “todos os políticos passados e presentes” e às cadeias de co- mando da Protecção Civil, bombeiros e GNR, continua: “Meus caros: todos vós, uns com mais culpas do que outros, abandonara­m o interior. E esse abandono nem compensado foi por uma descentral­ização. Pelo contrário, colocaram quase tudo no litoral”. Ricardo Costa, também no Expresso, opta por centrar a sua análise nos políticos do presente, ou seja, neste Governo, e no impacto que o incêndio de Pedrógão Grande (64 mortos contabiliz­ados) terá na sua acção futura É “a política depois da tragédia” que obrigou o Governo a mudar as regras de comunicaçã­o perante o país. “O Verão será de uma grande exigência, porque esta não é uma tragédia que se esqueça e porque tudo o resto parece ridículo a seu lado. A economia vai segurament­e crescer, o desemprego baixar e o rating subir. Mas isso já não será uma agenda política auto-suficiente”.

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