Jornal de Negócios

Défice agrava em 359 mihões. Governo diz que é dos reembolsos

O défice voltou a piorar em Maio. As Finanças culpam os reembolsos fiscais e garantem que ao longo do ano estes efeitos “dissipar-se-ão”.

- MARTA MOITINHO OLIVEIRA

“Até Maio de 2017, o défice das Administra­ções Públicas (AP) foi de 698 milhões de euros, aumentando 359 milhões de euros face a 2016, devido ao acréscimo de 1.546 milhões de euros nos reembolsos fiscais”, revela o Ministério das Finanças em comunicado enviado às redacções. As Finanças não mostram , porém, preocupaçã­o com o cumpriment­o da meta fixada para este ano, apesar de pelo segundo mês seguido as contas públicas saírem penalizada­s pelos reembolsos de impostos. “Este resultado dá garantias que o objectivo anual é alcançável”, lê-se no comunicado. Há um mês, as Finanças tinham destacado o impacto do aumento dos reembolsos de IRS para o défice. “O défice das Administra­ções Públicas foi de 1.931 milhões de euros até Abril de 2017, aumentando 314 milhões face ao mesmo período do ano anterior, em resultado essencialm­ente do aumento de 530 milhões nos reembolsos fiscais”, sublinhou o Ministério das Finanças num comunicado divulgado a 25 de Maio. Os dados conhecidos esta segunda-feira estão em contabilid­ade pública. O Governo prevê baixar o défice em contabilid­ade nacional (a perspectiv­a que interessa a Bruxelas) de 2% do PIB, em 2016, para 1,5% do PIB, este ano.

Efeito dos reembolsos vai diluir-se

Apesar de pela segunda vez os reembolsos penalizare­m as contas públicas, o Governo garante que este é um efeito que vai desaparece­r ao longo do ano. “Os efeitos das antecipaçõ­es dos reembolsos dissipar-se-ão no apuramento do défice final”, diz o Ministério das Finanças. No IRS foram reembolsad­os até Maio mais 1.190 milhões de euros, “valor cerca de seis vezes superior ao reembolsad­o até Maio de 2016, justificad­o pela aceleração no seu processame­nto”. No IVA, o fenómeno é semelhante, embora em montantes inferiores. “Os reembolsos aumentaram 323 milhões de euros via redução do prazo médio de reembolso o qual, no regime mensal, passou de 26 para 20 dias desde o início de 2017”, avança a tutela. Esta evolução determinou que a receita fiscal tenha registado um comportame­nto desfavoráv­el face ao previsto. A receita fiscal do conjunto das Administra­ções Públicas recuou 3,4%, contra um aumento de 2,1% que está previsto no Orçamento do Estado para este ano. Apar de um mau desempenho da receita a despesa continua a apresentar uma evolução contida. Já a despesa efectiva cresceu 1,4%, contra um aumento de 4,5% esperado para o conjunto de 2017.

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