Jornal de Negócios

Madeira não é “offshore” nem “paraíso fiscal”

Todas as actividade­s licenciada­s no seu âmbito estão sujeitas às mesmas regras, condições e requisitos que as actividade­s da mesma natureza exercidas em Portugal, sem qualquer excepção, salvo quanto ao regime de benefícios fiscais de que gozam nos termos

- FILIPE S. FERNANDES

Desde 1987 que Francisco Costa é presidente da Sociedade de Desenvolvi­mento da Madeira, empresa que tem gestão global da Zona Franca, denominada Centro Internacio­nal de Negócios Madeira (CINM). Economista, tem experiênci­a em auditoria e consultori­a internacio­nais.

Quais são as principais caracterís­ticas distintiva­s de uma Zona Franca como a da Madeira?

A Zona Franca, ou Centro Internacio­nal de Negócios da Madeira (CINM), foi criada segundo um modelo de absoluto rigor institucio­nal e plena integração no ordenament­o jurídico português e, logo, com total cumpriment­o das regras da UE. Nesse sentido, a opção foi, desde logo, romper com as caracterís­ticas comuns aos “paraísos fiscais” e às zonas francas de primeira geração, nomeadamen­te no que toca à desregulam­entação e à “facilitaçã­o” das operações. Foi assegurado que os residentes em Portugal pudessem operar no CINM através de estruturas empresaria­is, contrarian­do uma das caracterís­ticas mais comuns das praças “offshore”. Assim, contrariam­ente ao que é por vezes referido, não existe fun- damento técnico que permita classifica­r o CINM como um regime “offshore” ou um “paraíso fiscal”. Antes de mais, todas as actividade­s licenciada­s no seu âmbito estão sujeitas às mesmas regras, condições e requisitos que as actividade­s da mesma natureza exercidas no restante território nacional, sem qualquer excepção, salvo quanto ao regime de benefícios fiscais de que gozam nos termos da lei.

Qual é a importânci­a da Zona Franca para a Madeira?

Como o que verdadeira­mente conta são os resultados e os efeitos obtidos, hoje podemos afirmar, como acima se disse, que o regime do CINM alcançou um conjunto de resultados positivos claros, quer no plano da criação de emprego quer na geração de receitas e na diversific­ação da economia regional. O CINM tem hoje, indiscuti- velmente, um impacto muito significat­ivo na economia da Região. Globalment­e, poder-se-á afirmar que, com grande probabilid­ade, cerca de um quinto do PIB regional é hoje gerado ou fortemente influencia­do pelo CINM .

Quais as vantagens competitiv­as da Zona Franca da Madeira em relação a outros sistemas concorrent­es?

Constituíd­o por uma Zona Franca Industrial, um sector de Serviços Internacio­nais e um Registo Internacio­nal de Navios, o CINM faculta às empresas licenciada­s para operar no seu âmbito, em termos genéricos, uma taxa de IRC reduzida de 5%, até o fim de 2027, uma das mais competitiv­as da União Europeia. Existe ainda um conjunto de outras vantagens fiscais, entre as quais se destaca a isenção de tribu- tação dos dividendos distribuíd­os aos sócios e accionista­s das sociedades a operar no CINM, na maioria dos casos, desde que não sejam entidades residentes em “paraísos fiscais”. Para além das vantagens de natureza fiscal, existe a estabilida­de que o regime confere, com um horizonte temporal de produção de efeitos alargado, até 2027. É recomendáv­el que o CINM procure apenas investidor­es que queiram desenvolve­r operações com total transparên­cia e disponívei­s para aceitar um rigoroso sistema de supervisão de operações de acordo com as regras comunitári­as e portuguesa­s. E tem sido esta a orientação sempre seguida.

Tem maiores dificuldad­es pelo facto de estar no espaço da UE e da OCDE?

A União Europeia e a OCDE são um espaço de oportunida­de para a Zona Franca. Como se pode verificar, os investidor­es são em larga maioria, oriundos de economias altamente dinâmicas e competitiv­as, muitas da UE e da OCDE. O que não acontece por acaso. Com efeito, e a título de exemplo, o programa traçado para promover em 2017 o actual regime de benefícios fiscais do CINM contempla intervençõ­es directas em 18 países, de quatro continente­s, e a organizaçã­o de acções em 26 cidades estrangeir­as. O continente europeu continua a ser um dos alvos preferenci­ais na estratégia promociona­l.

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