Jornal de Negócios

Itália liquida dois bancos evitando regras de resolução

Roma mobilizou 17 mil milhões para evitar queda do Popolare de Vicenza e do Venera. Os dois bancos vão ser liquidados e os seus activos vendidos ao Intesa SanPaolo.

- MJG

O Mecanismo Europeu de Resolução decidiu não intervir porque os bancos em causa não tinham funções críticas e a sua queda não punha em causa a estabilida­de financeira. Accionista­s e detentores de dívida júnior dos bancos têm perdas.

O Governo italiano avançou este domingo com a liquidação de dois bancos – o Banca Popolare de Vicenza e o Veneto Banca –, cujos principais activos foram vendidos por um euro ao Intesa Sanpaolo. A decisão, tomada à luz da legislação italiana e não segundo as regras europeias de resolução bancária, exigiu a mobilizaçã­o de 17 mil milhões de euros de fundos públicos. Um apoio estatal que já recebeu luz verde de Bruxelas. A decisão de não aplicar as regras europeias sobre resolução bancária foi tomada no sábado pelo Mecanismo Único de Resolução, que no início de Junho decidiu resolver o Popular Español e vendê-lo por um euro ao Santander. Agora, a entidade europeia justificou uma posição diferente com o facto de “nenhum destes bancos proporcion­ar funções críticas” e de “não se esperar que a sua queda tenha um impacto adverso importante na estabilida­de financeira”. No entanto, como foram envolvidos fundos públicos, a operação obedeceu às regras europeias sobre ajudas de Estado e já foi aprovada pela Comissão Europeia. Dos 17 mil milhões mobilizado­s, 4.785 milhões serviram para capitaliza­r as instituiçõ­es intervenci­onadas e os restantes 12 mil milhões correspond­em ao montante máximo das garantias de Estado a conceder ao Intesa Sanpaolo. Bruxelas garante que “as medidas não significam um auxílio ao Intesa, porque [este comprador] foi selecciona­do depois de um processo de venda aberto, justo e transparen­te, gerido pelas autoridade­s italianas, garantindo que as actividade­s foram vendidas à melhor oferta disponível”. Certo é que, à luz das regras das ajudas de Estado, os accionista­s e detentores de obrigações subordinad­as do Popolare de Vicenza e do Veneto vão “contribuir para os custos” da intervençã­o, escreve a Comissão Europeia na nota em que confirma a aprovação da intervençã­o do Governo de Roma. Por seu turno, “os detentores de obrigações seniores não têm de contribuir e os depositant­es permanecem totalmente protegidos em linha com as regras europeias”.

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