Jornal de Negócios

A banca italiana e os dois pesos do BCE

- CELSO FILIPE

OGoverno italiano, com o aval do Banco Central Europeu (BCE), anunciou no domingo um pacote financeiro de ajuda à banca de 17 mil milhões de euros. Numa primeira fase, adiantou o ministro da Economia daquele país, Pier Carlo Padoan, apenas serão usados pouco mais de cinco mil milhões para salvar dois bancos, a Banca Popolare di Vicenza e o Veneto Banca, que serão comprados por um euro pelo Intesa Sanpaolo.

Uma medida que está longe de ser pacífica. “A decisão de poupar dois bancos italianos das novas regras levanta questões sobre a efectivida­de da união bancária”, escreve Simon Nixon, no Wall Street Journal.

O El Español, jornal digital do país vizinho, na coluna de opinião “O rugido do leão”, diz que esta ajuda de Estado transmite uma “sensação de anarquia” e se traduz “numa “perda de autoridade da moral das instituiçõ­es europeias” que em 2015 aprovaram re- gras que colocavam um ponto final nos resgates à banca com dinheiro público. Até porque em Espanha houve o caso recente da compra do Popular pelo Santander, ao preço simbólico de um euro, sem qualquer apoio do Estado.

A indignação em Espanha, por este tratamento diferencia­do, reflecte-se também na análise que Iñigo de Barrón faz no El País. “As flamejante­s novas normas europeias transforma­m-se em água precisamen­te no país de Mario Draghi, presidente do BCE. A lição a tirar é que os Estados ricos, se quiserem, podem pagar os seus resgates bancários. Agora vai ser mais difícil convencer os alemães a apoiarem a criação de um fundo comum de resolução dos bancos”. “Ninguém quer uma nova crise política na Europa, mas em que pé esta decisão deixa a união bancária?”, questiona Simon Nixon.

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SIMON NIXON
“A decisão de poupar dois bancos italianos levanta questões sobre a efectivida­de da união bancária.” SIMON NIXON
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EL ESPAÑOL
“[Esta ajuda taduz-se] numa perda de autoridade moral das instituiçõ­es europeias.” EL ESPAÑOL
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“A lição a tirar é que os Estados ricos, se quiserem, podem pagar os seus resgastes bancários.” IÑIGO DE BARRÓN

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