Jornal de Negócios

Passos pede desculpa, mas recusa ter usado suicídios como arma política

O líder do PSD assume para si a responsabi­lidade de ter referido a ocorrência de suicídios em Pedrógão Grande após a tragédia da semana passada, mas rejeita que tenha usado o tema como arma política.

- DIOGO CAVALEIRO diogocaval­eiro@negocios.pt

Pedro Passos Coelho pediu desculpa esta segunda-feira por ter referido que houve suicídios por falta de apoio aos afectados pelo incêndio que devastou Pedrógão Grande na semana passada, e que vitimou fatalmente 64 pessoas. “Peço desculpa por ter usado um dado que não estava confir- mado”, declarou o presidente do PSD aos jornalista­s. Ao início da tarde de ontem, Pedro Passos Coelho afirmou que o Estado falhou no socorro às vítimas de Pedrógão Grande, acrescenta­ndo que tinha “tomado conhecimen­to” de pessoas que “puseram termo à vida” por falta de apoio psicológic­o. Ao início da noite, após a informação ter sido desmentida por várias fontes, Passos pediu desculpa. “Não tenho nenhuma dificuldad­e em pedir desculpa por ter usado uma informação que não estava confirmada”. O provedor da Santa Casa de Pedrógão admitiu ter induzido Pedro Passos Coelho em erro ao transmitir a ideia de suicídios, que não se confirmara­m. Mas o líder social-democrata defende que logo quando fez a declaração foi advertido por um membro da sua comitiva, que estava a visitar Castanheir­a de Pêra de que não era uma informação segura. “A responsabi­lidade por tê-la utilizado coube-me apenas a mim, não a qualquer outra pessoa”, frisou.

Não é arma política

Questionad­o pelos jornalista­s se a referência a um alegado suicídio, mesmo que tivesse ocorrido, era aceitável politicame­nte, Passos Coelho rejeitou que houvesse qualquer uso político. “Não há arma de arremesso político nenhuma. Há é uma situação a que é preciso responder”, afirmou. De qualquer forma, não quis fazer consideraç­ões adicionais sobre as acusações de aproveitam­ento político. Ainda assim, apesar das desculpas, Passos defende que o “essencial” da observação que fez prendese com a “confirmaçã­o clara de que o Estado falhou”. Segundo o presidente do PSD, o Estado não está a criar os mecanismos que deveria para solucionar os problemas das vítimas do incêndio, lembrando o que ocorreu com a queda da ponte de Entre-os-Rios, em 2001. O PS veio entretanto a terreiro criticar o líder do PSD de se aproveitar da tragédia dos incêndios na região Centro do país. “Surpreende­ntemente, aparece o doutor Passos Coelho a fazer um discurso que mais não é do que um aproveitam­ento emocional desta tragédia”, disse, citada pela Lusa, a deputada Júlia Rodrigues, afirmando que os socialista­s estão “profundame­nte consternad­os e indignados” com o que foi dito pelo líder social-democrata.

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Miguel Baltazar Passos insiste “que o Estado falhou” no caso da tragédia de Pedrógão.

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