Há político que se aproveite neste país?
António Costa viu-se cercado de fogos quando nada o fazia prever (artigo de sexta-feira – “A surpreendente desorientação de António Costa). E está a tentar fazer controlo de danos: abandonou o sorriso, surge de gravata preta, parou de “berrar” e promete esclarecer tudo o que se passou no incêndio de Pedrógão. Ainda ontem garantiu ao país que “nada ficará por esclarecer”. O primeiro-ministro tarda em perceber duas coisas: 1 - quanto mais tempo levar a tirar ilações do que se passou (sim, há matéria mais do que suficiente para demitir a ministra da Administração Interna e os responsáveis da Proteção Civil), pior para si; 2 - não pode sacudir a água do capote na questão mais grave: o falhanço do sistema de comunicações de emergência (Siresp). Porque foi ele, enquanto ministro, que adjudicou o projeto, e porque o governo sabia que o sistema já tinha falhado em ocasiões anteriores, nomeadamente em 2016. Mas como se todas estas falhas (graves) do governo não fossem suficientes, o país assistiu ontem a um monumental tiro no pé do líder da oposição quando se meteu na “estória” dos suicídios. Ou seja, num momento em que se exigia que o governo assumisse as suas responsabilidades (ainda nem sequer pediu desculpa!), e que houvesse oposição à altura, Passos Coelho embrulha-se numa verdadeira idiotice (não havia mais nada que pudesse dizer?). Pergunta: há alguma coisa que se aproveite neste país? E depois ainda criticam os eleitores por se afastarem da política... Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico