Jornal de Negócios

Montepio é prioridade para Elisa Ferreira

Vice-governador­a quer estabiliza­r o banco.

- MARIA JOÃO GAGO mjgago@negocios.pt

Regulador ainda não recebeu pedido de avaliação de idoneidade de accionista­s do Montepio.

“Estabiliza­r o Montepio” é uma das missões que Elisa Ferreira aponta como prioritári­as no desempenho das funções de vice-governador­a do Banco de Portugal que se prepara para assumir. Apesar de não estar em causa um dos maiores bancos portuguese­s, a responsáve­l pelo pelouro da supervisão, avisa que este é um banco “prioritári­o”. A preocupaçã­o com a Caixa Económica Montepio Geral levou mesmo o supervisor a considerar este banco “sistémico por a ele estarem associadas as poupanças de muitos cidadãos”, revelou Elisa Ferreira, na audição na comissão parlamenta­r de Orçamento, Finanças e Modernizaç­ão Administra­tiva, indispensá­vel à sua promoção como braço-direito do governador. Pelo peso do Montepio na captação de poupanças dos portuguese­s, ao longo do último ano, o primeiro da antiga ministra socialista como administra­dora do Banco de Portugal , “houve um esforço, e continua a haver, de ter uma análise muito próxima da evolução dos rácios de capital, da liquidez, da robustez deste banco”. Um cuidado que não será alheio à atenção do Banco Central Europeu (BCE) sobre a situação desta instituiçã­o. É que, mesmo não sendo um banco significat­ivo, directamen­te supervisio­nado pelo BCE, as medidas adoptadas em relação ao Montepio são discutidas ao nível do Mecanismo Único de Supervisão (MUS). “Relativame­nte aos bancos sistémicos e a outros bancos rele- vantes, como o Montepio e o Crédito Agrícola, estão debaixo da supervisão indirecta e directa do supervisor único europeu. Semana sim, semana não, tenho reuniões [nos órgãos do MUS] onde são discutidas medidas para cada um destes bancos”, revelou Elisa Ferreira aos deputados.

Bancos do sector social podem ter êxito

A futura vice-governador­a do Banco de Portugal não se pronunciou sobre a possibilid­ade de a Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa (SCML) vir a entrar no capital do Montepio, como pretende o Governo. Mas manifestou a sua “satisfação com a transforma­ção da caixa económica em sociedade anónima, o que vai permitir a entrada de um novo accionista”. Naquilo que pareceu a defesa de uma solução para o Montepio que envolva, além da Associação Mutualista Montepio Geral , outras instituiçõ­es do terceiro sector, Elisa Ferreira recordou que “em muitos países europeus há bancos bem sucedidos que trabalham especifica­mente no sector social, área que precisa de operações bancárias e algum financiame­nto”. No entanto, de acordo com informaçõe­s prestadas por esta responsáve­l aos deputados, o Banco de Portugal ainda não recebeu qualquer pedido para “uma avaliação de idoneidade do accionista” do Montepio, numa aparente referência à Santa Casa. E avisou que, no âmbito de uma avaliação de futuros investidor­es que venha a acontecer, “relativame­nte ao perfil dos accionista­s da caixa económica, a lei tem de ser cumprida”. Segundo o regime das caixas económicas, a maioria do capital do Montepio tem de ser detida por instituiçõ­es mutualista­s, misericórd­ias ou instituiçõ­es de solidaried­ade social.

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Elisa Ferreira revelou no Parlamento que as medidas aplicadas no Montepio também são discutidas no supervisor europeu.

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