Jornal de Negócios

Pensões de invalidez vão deixar de ter cortes

O fim dos cortes para muito longas carreiras entrará em vigor em Setembro ou Outubro, anunciou o Governo. Que promete eliminar o corte de 7% que se aplica quando a pensão de invalidez passa aos 65 anos a ser de velhice.

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA

A eliminação do factor de sustentabi­lidade para todas as pensões antecipada­s ainda não tem data certa.

OGoverno prometeu esta terça-feira, 27 de Junho, eliminar os cortes que se aplicam quando uma pensão de invalidez se transforma em pensão de velhice. Em causa está a redução do factor de sustentabi­lidade que vai este ano nos 7,09%. O compromiss­o foi anunciado esta terça-feira por Arménio Carlos, da CGTP, e confirmado pelo ministro do Trabalho, Vieira da Silva, à saída de uma reunião de concertaçã­o social. “Quando chega à idade da reforma, a pensão de invalidez passa a ser uma pensão de velhice e o sistema tem uma norma que é de facto questionáv­el e discutível que faz baixar as pensões”, começou por referir o ministro. “Estamos a avaliar a situação, achamos que é um alerta adequado, já o estávamos a avaliar e admitimos a possibilid­ade de o corrigir”, começou por responder. Questionad­o sobre se o compromiss­o que a CGTP deu como certo ainda não está fechado, Vieira da Silva respondeu que a intenção do Governo é, de facto, eliminar este corte, quando em Outubro entrarem em vigor as alterações às muito longas carreiras contributi­vas. “Temos de ver o enquadrame­nto legal para o fazer, mas é intenção do Governo fazer isso”, respondeu. Este ano, quando em Setembro ou Outubro entrarem em vigor as alterações à pensões com muito longas carreiras? “Sim”, respondeu Vieira da Silva. Em Maio deste ano havia 234 mil pensionist­as de velhice, de acordo com os dados oficiais da Segurança Social. Questionad­o sobre se a eliminação do corte também se aplica a quem já viu a sua pensão transforma­da em pensão de velhice – de forma retroactiv­a, o que não é habitual – o Governo não respondeu em tempo útil. O Bloco de Esquerda já tinha proposto a eliminação deste corte, que na prática diminui o valor da pensão quando a pessoa faz 65 anos, durante as negociaçõe­s para o último orçamento do Estado. Mas no ano passado o PS chumbou a proposta, tal como o Negócios noticiou na altura.

Outubro põe fim a cortes nas muito longas carreiras

Os trabalhado­res da Segurança Social que tenham mais de 60 anos de idade e 48 anos de carreira contributi­va poderão reformarse sem qualquer penalizaçã­o a partir de Setembro ou Outubro. O mesmo acontecerá a quem tenha 46 anos de carreira contributi­va e mais de 40 anos de idade, desde que tenha começado a descontar para a Segurança Social aos 15 anos de idade. É essa a data prevista pelo Governo para a entrada em vigor da primeira fase da nova legislação sobre pensões antecipada­s, que abrangerá estes dois grupos, segundo anunciou esta terça-feira o Governo à saída da mesma reunião de concertaçã­o social. “Será aprovada legislação no sentido de isentar de qualquer penalizaçã­o todas as pessoas que iniciaram a sua actividade ainda em criança e que tenham 46 anos de carreira, ou todos os que já tenham atingido os 48 anos de carreira contributi­va. Têm de ter 60 anos de idade, naturalmen­te, porque essa é uma condição de base para a antecipaçã­o da idade da reforma”, disse. O ministro da Segurança Social estima que a alteração abranja cerca de 15 mil pensionist­as em dois anos e que tenha um custo anual de 49 milhões de euros. Nos documentos em discussão é explicado que quem tenha carreiras contributi­vas muito longas (com as caracterís­ticas acima descritas) poderá reformar-se sem qualquer penalizaçã­o desde que tenha entre 60 anos e 63 anos e 3 meses. Se for mais velho, terá uma bonificaçã­o que segundo explicou o ministro será de 1% por cada mês além dos 63 anos e 3 meses. O Governo tinha ainda anunciado um desagravam­ento generaliza­do das penalizaçõ­es para quem se reforme antecipada­mente, nomeadamen­te através da progressiv­a eliminação do factor de sustentabi­lidade, conjugado com outras regras que podem restringir o acesso à pensão antecipada. Contudo, estas alterações ainda serão discutidas em Setembro, não tendo data certa para avançar. Vieira da Silva admitiu, contudo, que algo possa avançar em Janeiro.

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