Jornal de Negócios

O dia em que Passos Coelho não devia ter saído de casa

- CELSO FILIPE

Na segunda-feira, no quartel de bombeiros de Castanheir­a de Pera, Passos Coelho anunciou que tinha conhecimen­to de “pessoas que puseram termo à vida, que em desespero se suicidaram e que não receberam o apoio psicológic­o que deviam” na sequência da tragédia de Pedrógão Grande. O conhecimen­to, afinal, era falso, e o líder do PSD acabou o dia a pedir desculpa. A falha, no entanto, penaliza politicame­nte o antigo primeiro-ministro. “Ao nono dia Pedro Passos Coelho sucumbiu à tentação de fazer política com a desgraça. Política, mas no pior sentido desta antiga actividade, aquela que dá tempo de antena ao fala-barato”, escreve Fernanda Cachão no Correio da Manhã. No Público, David Dinis, questiona como pode Passos Coelho ter tornado pública uma informação desta natureza sem a procurar confirmar. “Aquilo que Passos Coelho fez ontem foi uma irresponsa­bilidade. E que pode causar mais danos à sua imagem pública do que a aplicação de uma qualquer medida da troika”. Asua intervençã­o tomou conta dos espaços de opinião e existe unanimidad­e sobre um erro que, politicame­nte falando, é mais do que de palmatória. “A bomba que Pedro Passos Coelho lançou (...) estourou-lhe nas mãos. Tivesse havido suicídios e as declaraçõe­s de seriam igualmente más, seriam igualmente irresponsá­veis. Não havendo suicídios, um que fosse, passou a haver, pelo menos, uma tentativa de suicídio político”, sustenta Paulo Baldaia no Diário de Notícias. Uma ideia enfatizada por João Pedro Henriques no mesmo jornal. “Passos pediu desculpa por ter usado informação falsa. Não percebe que não podia ter usado, mesmo se fosse verdadeira”. Já no Público, João Miguel Tavares constata que “Passos Coelho, que estava politicame­nte comatoso, agarrou-se à tragédia de Pedrógão Grande com tal entusiasmo que até vê suicídios entre pinheiros” .

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FERNANDA CACHÃO
“Ao nono dia Passos Coelho sucumbiu à tentação de fazer política com a desgraça.” FERNANDA CACHÃO
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“[Passos Coelho] não podia ter usado a informação mesmo se fosse verdadeira.” JOÃO PEDRO HENRIQUES
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“Aquilo que Passos Coelho fez foi uma irresponsa­bilidade. DAVID DINIS

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