Jornal de Negócios

“Ceifa” da Ascendi não bastou na EN236

- ANTÓNIO LARGUESA

O chefe da Divisão de Verificaçã­o e Fiscalizaç­ão da Protecção Civil, Carlos Souto, não tem dúvidas de que houve “falta de cumpriment­o com as áreas de protecção” no incêndio de Pedrógão Grande. Em declaraçõe­s à Lusa, este responsáve­l, que esteve no terreno a fazer um levantamen­to dos factores que contribuír­am para este fogo, antecipou que essa conclusão sobre o incumprime­nto das regras, incluindo a de limpeza da floresta numa distância de dez metros das bermas das estradas, vai constar do relatório a apresentar às autoridade­s. No caso particular da Estrada Nacional 236, onde morreram 47 pessoas, a responsabi­lidade pelas acções de manutenção é da Ascendi Pinhal Interior, como estipulado no contrato de subconcess­ão. Ao Negócios, fonte oficial da empresa, comprada recentemen­te pelo fundo francês Ardian, sustentou, sem pormenoriz­ar a extensão dessa intervençã­o, que ali “foi efectuada, entre 5 e 7 de Junho passado, uma operação de limpeza da respectiva faixa de combustíve­l, conforme confirmado pelas entidades competente­s”. Já o ministro do Planeament­o e Infraestru­turas, Pedro Marques, detalhou que a Ascendi fez uma “ceifa integral até aos três metros” da faixa de combustíve­l próxima à fatídica estrada entre Figueiró dos Vinhos e Castanheir­a de Pêra. Contudo, numa visita ao terreno no fim-de-semana, invocou depois um “conjunto de caracterís­ticas que tornam mais difícil aquilo que é a limpeza a dez metros, que já é uma limpeza selectiva”. Independen­temente da extensão da limpeza nas margens daquela estrada, como corroborad­o pelos interlocut­ores ouvidos pelo Negócios, o ministro frisou que “um fogo daquelas condições não é [travado] com três ou dez metros de limpeza”.

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