“Ceifa” da Ascendi não bastou na EN236
O chefe da Divisão de Verificação e Fiscalização da Protecção Civil, Carlos Souto, não tem dúvidas de que houve “falta de cumprimento com as áreas de protecção” no incêndio de Pedrógão Grande. Em declarações à Lusa, este responsável, que esteve no terreno a fazer um levantamento dos factores que contribuíram para este fogo, antecipou que essa conclusão sobre o incumprimento das regras, incluindo a de limpeza da floresta numa distância de dez metros das bermas das estradas, vai constar do relatório a apresentar às autoridades. No caso particular da Estrada Nacional 236, onde morreram 47 pessoas, a responsabilidade pelas acções de manutenção é da Ascendi Pinhal Interior, como estipulado no contrato de subconcessão. Ao Negócios, fonte oficial da empresa, comprada recentemente pelo fundo francês Ardian, sustentou, sem pormenorizar a extensão dessa intervenção, que ali “foi efectuada, entre 5 e 7 de Junho passado, uma operação de limpeza da respectiva faixa de combustível, conforme confirmado pelas entidades competentes”. Já o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, detalhou que a Ascendi fez uma “ceifa integral até aos três metros” da faixa de combustível próxima à fatídica estrada entre Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra. Contudo, numa visita ao terreno no fim-de-semana, invocou depois um “conjunto de características que tornam mais difícil aquilo que é a limpeza a dez metros, que já é uma limpeza selectiva”. Independentemente da extensão da limpeza nas margens daquela estrada, como corroborado pelos interlocutores ouvidos pelo Negócios, o ministro frisou que “um fogo daquelas condições não é [travado] com três ou dez metros de limpeza”.