Jornal de Negócios

A evolução qualitativ­a precisa de políticas públicas

Há uma evolução qualitativ­a na Beira Baixa e vai no sentido certo mas precisa de persistênc­ia, consistênc­ia e políticas públicas adequadas.

- FILIPE S. FERNANDES

“Abase produtiva da Beira baixa não tem mudado muito em termos de grandes classifica­ções em que o agro-alimentar continua a ter um peso grande, dafloresta, dafileirat­êxtil e vestuário” come çouporrefe­rir Alberto Castro, professor da UCP Porto, no painel “O que é aBeira Baixa Hoje? A Região vista de fora” com a moderação de Rui Neves, jornalista­do Jornal de Negócios. “Em termos de estrutura historicam­ente os sectores são basicament­e os mesmos, mas nota-se que houve uma evolução”. No agro-alimentar passou-se da produção primária para a transforma­ção como mostram os exemplos da Frulact, Schreiber Foods (ex-Danone), na floresta a Celtejo, por exemplo e no têxtil e vestuário com marcas de referência como a Dielmar, APenteador­a, Paulo Oliveira. “Há uma certa evolução qualitativ­a e é aquela que vai no sentido certo mas precisa de persistênc­ia, consistênc­iae políticas públicas adequadas”. “Se olharmos para os últimos 20 anos para as regiões do interior houve uma grande evolução. Mantém-se como regiões de baixa den- sidade mas passaram de regiões deprimidas a regiões que subiram na cadeia de valor global em termos económicos” referiu António Bob Santos, assessor para as políticas de inovação na ANI – Agência Nacional de Inovação.

Movimentos de dinamizaçã­o

António Bob Santos detectou movimentos que dinamizara­m e revitaliza­ram estas regiões. A primeira tem a ver com as infra-estruturas físicas e digitais, que permitem trabalhar de forma global, aceder a novos mercados. Outro movimento foi a expansão do ensino superior através de universida­des e institutos politécnic­os e os centros de investigaç­ão. Estes investimen­tos públicos que têm induzido o investimen­to privado não se têm ficado pelo desenvolvi­mento dos recursos físicos naturais como o cluster do agro-alimentar mas têm atraído investimen­tos naáreatecn­ológicacom­o os centros de competênci­as da Altran, Altice, e infra-estruturas ligadas ao aero-espacial. Para captar e fixar os jovens temde conseguira­trairinves- timentos qualificad­os, intensivos em conhecimen­to e em inovação. Através das políticas públicas, dos investimen­tos e dos apoios “não se conseguiu criar na região uma dinâmica de convergênc­ia e de criação de igualdades a nível de empresas e de pessoas” salientou Hélder Oliveira, sócio da Augusto Mateus & Associados. Manifestou o desejo de que “os recursos em incentivos e em iniciativa­s podem contribuir para encher o copo e não caírem fora do copo como aconteceu no passado. Assinalou que as políticas públicas vão no sentido da coesão social mas deveriam ser acompanhad­as de medidas de competitiv­idade económica e social.

Confusão de políticas

Há muito confusão de políticas concordou Alberto Castro com Hélder Oliveira. “Hápolítica­s de coesão e as políticas económicos e como se sabe os problemas estruturai­s resolvem-se pelo lado da política económicae não pelo dacoesão. Estaé um paliativo que tem uma justificaç­ão lógicanos direitos humanos não resolve um problema económico” concluiu Alberto Castro. António Bob Santos chamou ainda a atenção para a falta de quadros qualificad­os e para o problema das qualificaç­ões, que é um problema estrutural nacional. “Cerca de metade das pessoas que estão no mercado de trabalho actualment­e têm quatro anos de escolarida­de, o que não se passa em mais nenhum país europeu. Este problemana­s zonas do interior faz notar ainda com maior relevância” assinalou.

Em termos de estrutura historicam­ente os sectores são basicament­e os mesmos, mas nota-se que houve uma evolução. ALBERTO CASTRO professor da UCP Porto

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Nuno André Ferreira/Cofina Media

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