A evolução qualitativa precisa de políticas públicas
Há uma evolução qualitativa na Beira Baixa e vai no sentido certo mas precisa de persistência, consistência e políticas públicas adequadas.
“Abase produtiva da Beira baixa não tem mudado muito em termos de grandes classificações em que o agro-alimentar continua a ter um peso grande, dafloresta, dafileiratêxtil e vestuário” come çouporreferir Alberto Castro, professor da UCP Porto, no painel “O que é aBeira Baixa Hoje? A Região vista de fora” com a moderação de Rui Neves, jornalistado Jornal de Negócios. “Em termos de estrutura historicamente os sectores são basicamente os mesmos, mas nota-se que houve uma evolução”. No agro-alimentar passou-se da produção primária para a transformação como mostram os exemplos da Frulact, Schreiber Foods (ex-Danone), na floresta a Celtejo, por exemplo e no têxtil e vestuário com marcas de referência como a Dielmar, APenteadora, Paulo Oliveira. “Há uma certa evolução qualitativa e é aquela que vai no sentido certo mas precisa de persistência, consistênciae políticas públicas adequadas”. “Se olharmos para os últimos 20 anos para as regiões do interior houve uma grande evolução. Mantém-se como regiões de baixa den- sidade mas passaram de regiões deprimidas a regiões que subiram na cadeia de valor global em termos económicos” referiu António Bob Santos, assessor para as políticas de inovação na ANI – Agência Nacional de Inovação.
Movimentos de dinamização
António Bob Santos detectou movimentos que dinamizaram e revitalizaram estas regiões. A primeira tem a ver com as infra-estruturas físicas e digitais, que permitem trabalhar de forma global, aceder a novos mercados. Outro movimento foi a expansão do ensino superior através de universidades e institutos politécnicos e os centros de investigação. Estes investimentos públicos que têm induzido o investimento privado não se têm ficado pelo desenvolvimento dos recursos físicos naturais como o cluster do agro-alimentar mas têm atraído investimentos naáreatecnológicacomo os centros de competências da Altran, Altice, e infra-estruturas ligadas ao aero-espacial. Para captar e fixar os jovens temde conseguiratrairinves- timentos qualificados, intensivos em conhecimento e em inovação. Através das políticas públicas, dos investimentos e dos apoios “não se conseguiu criar na região uma dinâmica de convergência e de criação de igualdades a nível de empresas e de pessoas” salientou Hélder Oliveira, sócio da Augusto Mateus & Associados. Manifestou o desejo de que “os recursos em incentivos e em iniciativas podem contribuir para encher o copo e não caírem fora do copo como aconteceu no passado. Assinalou que as políticas públicas vão no sentido da coesão social mas deveriam ser acompanhadas de medidas de competitividade económica e social.
Confusão de políticas
Há muito confusão de políticas concordou Alberto Castro com Hélder Oliveira. “Hápolíticas de coesão e as políticas económicos e como se sabe os problemas estruturais resolvem-se pelo lado da política económicae não pelo dacoesão. Estaé um paliativo que tem uma justificação lógicanos direitos humanos não resolve um problema económico” concluiu Alberto Castro. António Bob Santos chamou ainda a atenção para a falta de quadros qualificados e para o problema das qualificações, que é um problema estrutural nacional. “Cerca de metade das pessoas que estão no mercado de trabalho actualmente têm quatro anos de escolaridade, o que não se passa em mais nenhum país europeu. Este problemanas zonas do interior faz notar ainda com maior relevância” assinalou.
Em termos de estrutura historicamente os sectores são basicamente os mesmos, mas nota-se que houve uma evolução. ALBERTO CASTRO professor da UCP Porto