Diferenciação precisa-se
São necessárias medidas que ajudem a diferenciar, a tornar mais atractivas as regiões do interior porque de outro modo não conseguem esbater as diferenças entre a faixa junto ao Atlântico e faixa junto a Espanha.
“Sbase produtiva da Beira baixa não tem mudado muito em termos de grandes classificações em que o agro-alimentar continua a ter um peso grande, da floresta, da fileira têxtil e vestuário” começou por referir Alberto Castro, professor da UCP Porto, no painel “O que é a Beira Baixa Hoje? A Região vista de fora” com a moderação de Rui Neves, jornalista do Negócios. “Tenho uma visão positiva do que tem acontecido no nosso território e hoje um habitante em Castelo Branco tem mais qualidade de vida do que um habitante em Lisboa” apontou por sua vez Luís Correia, presidente da CIMBB (Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa) e presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco. “Um dos factores mais diferenciadores no mundo é a quali- dade de vida, as pessoas sentirem-se bem e enraizadas num determinado sítio a região tem algo para oferecer” afirmou Paulo Fernandes, presidente da CIMBSE (Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela) e presidente da Câmara do Fundão).
Faixas atlântica e fronteiriça
“Temos um conjunto de estruturas inovadoras, que facilitam a inovação, da actividade empresarial. Temos hoje estratégias diferentes de desenvolvimento e de intervenção no território do que era o pensamento tradicional das autarquias” prosseguiu Luís Correia. O presidente da CIMBB defendeu “medidas que nos ajudem a diferenciar, a ser mais atractivos do que o que já somos porque sem isso não conseguimos esbater as diferenças entre a faixa junto ao Atlântico e a nossa faixa junto a Espanha”. Citou o caso da instalação da rede de gás natural em Castelo Branco que foi um investimento que diferenciou mas também tornou mais igual a região, apesar dos custos serem maiores no interior do que no litoral onde há população que permite rentabilizar o investimento mais rapidamente. O FEDER per capita sem incentivos, contando só o investimento público, é de 416 na Beira Baixa, e com os incentivos passa para 443. Em Aveiro passa de 243 para 512. “Em termos de investimento público foi feita a diferenciação” disse Ana Abrunhosa, presidente da CCDR Centro. Para Paulo Fernandes, presidente CIMBSE, a diferenciação deveria ir mais longe. Os fundos comunitários fazem parte de uma política pública de estratégia de desenvolvimento regional, que foi uma escolha política. “Por isso, muitos dos novos investimentos feitos com apoio comunitário deveriam ser desviados para regiões menos dinâmicas” referiu.
Beira Baixa faz sentido
O também presidente da Câmara do Fundão fez uma reflexão sobre a Beira Baixa. “Faz sentido histórico, faz sentido identitário, de relações de afecto, conhecimento, mobilidade inclusive pendulares entre as comunidades” disse Paulo Fernandes. Acrescentando que “esta unidade tem de se transformar numa marca territorial que pode ser agregadora de várias camadas como os empresários, o sistema científico, os valores associados ao turismo, os produtos”. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro (CCDRC) “é o braço armado do Governo mas tem o desafio de tentar contextualizar as políticas nacionais ao seu território para isso tem de trabalhar com os actores da região através de várias formas como grupos de trabalho alargados” alegou AnaAbrunhosa. Referiu que ara implementar o Portugal 2020 e as políticas públicas existem actores como as autarquias, as comunidades intermunicipais. Nas
Somos a porta de entrada na Europa, não somos as traseiras do país. Se soubermos capitalizar as infra-estruturas e as instituições e organizações que estão nossos territórios vamos conseguir dar o salto e atrair empresas e fixar as pessoas. MARIA DO CÉU ALBUQUERQUE presidente da CIMT (Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo) e presidente da Câmara Municipal de Abrantes.
regiões de baixa densidade há os Prover que criaram uma estrutura e depois a um nível mais micro surgem os grupos de acção local. “Em termos de governação estas camadas institucionais colocam desafio de cooperação que nem sempre é fácil. Por isso temos de certo modo concentrado a ligação com as CIM com as instituições de ensino superior, e também os incentivos que premeiam o trabalho conjunto e de cooperação” disse Ana Abrunhosa. Admitiu que “muitas vezes e em determinadas políticas como a de atracção de pessoas não há um interlocutor institucional porque seria mais fácil discutir projectos e construir pontes”. Por sua vez Helena Freitas, coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, salientou que nestes territórios “há maior fragilidade no rendimento das famílias, no empobrecimento geral, do envelhecimento e os vários indicadores dizem que se deve actuar de uma diferenciada nestes territórios para que o país se torne mais coeso e equilibrado e as políticas públicas têm de ter esta atenção”. Mas chamou à atenção para o facto de se estar a atravessar “o momento do interior, o momento da coesão tanto no plano europeu como nacional”. Deu como exemplos de dinâmicas interessantes para o facto de existir nestas regiões conhecimento baseado numa rede de instituições de ensino superior e de investigação e garante a sustentabilidade dos territórios e ainda as estruturas de conectividade do país tanto física como digital. “A diferenciação dos valores, dos recursos, os pequenos nichos, fazer a sua valorização e apostar na complementaridade e portanto aboliras fronteiras, trabalhar em rede e criar plataformas colaborativas” conclui HelenaFreitas. Mas paraeste programade acção é fundamental fazer um plano adez anos dainternacionalização dos factores defendeu Paulo Fernandes porque “o mercado interno destas regiões encolheu pela crise e por questões demográficas por isso é fundamental ganhar mais mercados”.