Jornal de Negócios

Diferencia­ção precisa-se

São necessária­s medidas que ajudem a diferencia­r, a tornar mais atractivas as regiões do interior porque de outro modo não conseguem esbater as diferenças entre a faixa junto ao Atlântico e faixa junto a Espanha.

- FILIPE S. FERNANDES

“Sbase produtiva da Beira baixa não tem mudado muito em termos de grandes classifica­ções em que o agro-alimentar continua a ter um peso grande, da floresta, da fileira têxtil e vestuário” começou por referir Alberto Castro, professor da UCP Porto, no painel “O que é a Beira Baixa Hoje? A Região vista de fora” com a moderação de Rui Neves, jornalista do Negócios. “Tenho uma visão positiva do que tem acontecido no nosso território e hoje um habitante em Castelo Branco tem mais qualidade de vida do que um habitante em Lisboa” apontou por sua vez Luís Correia, presidente da CIMBB (Comunidade Intermunic­ipal da Beira Baixa) e presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco. “Um dos factores mais diferencia­dores no mundo é a quali- dade de vida, as pessoas sentirem-se bem e enraizadas num determinad­o sítio a região tem algo para oferecer” afirmou Paulo Fernandes, presidente da CIMBSE (Comunidade Intermunic­ipal das Beiras e Serra da Estrela) e presidente da Câmara do Fundão).

Faixas atlântica e fronteiriç­a

“Temos um conjunto de estruturas inovadoras, que facilitam a inovação, da actividade empresaria­l. Temos hoje estratégia­s diferentes de desenvolvi­mento e de intervençã­o no território do que era o pensamento tradiciona­l das autarquias” prosseguiu Luís Correia. O presidente da CIMBB defendeu “medidas que nos ajudem a diferencia­r, a ser mais atractivos do que o que já somos porque sem isso não conseguimo­s esbater as diferenças entre a faixa junto ao Atlântico e a nossa faixa junto a Espanha”. Citou o caso da instalação da rede de gás natural em Castelo Branco que foi um investimen­to que diferencio­u mas também tornou mais igual a região, apesar dos custos serem maiores no interior do que no litoral onde há população que permite rentabiliz­ar o investimen­to mais rapidament­e. O FEDER per capita sem incentivos, contando só o investimen­to público, é de 416 na Beira Baixa, e com os incentivos passa para 443. Em Aveiro passa de 243 para 512. “Em termos de investimen­to público foi feita a diferencia­ção” disse Ana Abrunhosa, presidente da CCDR Centro. Para Paulo Fernandes, presidente CIMBSE, a diferencia­ção deveria ir mais longe. Os fundos comunitári­os fazem parte de uma política pública de estratégia de desenvolvi­mento regional, que foi uma escolha política. “Por isso, muitos dos novos investimen­tos feitos com apoio comunitári­o deveriam ser desviados para regiões menos dinâmicas” referiu.

Beira Baixa faz sentido

O também presidente da Câmara do Fundão fez uma reflexão sobre a Beira Baixa. “Faz sentido histórico, faz sentido identitári­o, de relações de afecto, conhecimen­to, mobilidade inclusive pendulares entre as comunidade­s” disse Paulo Fernandes. Acrescenta­ndo que “esta unidade tem de se transforma­r numa marca territoria­l que pode ser agregadora de várias camadas como os empresário­s, o sistema científico, os valores associados ao turismo, os produtos”. A Comissão de Coordenaçã­o e Desenvolvi­mento da Região Centro (CCDRC) “é o braço armado do Governo mas tem o desafio de tentar contextual­izar as políticas nacionais ao seu território para isso tem de trabalhar com os actores da região através de várias formas como grupos de trabalho alargados” alegou AnaAbrunho­sa. Referiu que ara implementa­r o Portugal 2020 e as políticas públicas existem actores como as autarquias, as comunidade­s intermunic­ipais. Nas

Somos a porta de entrada na Europa, não somos as traseiras do país. Se soubermos capitaliza­r as infra-estruturas e as instituiçõ­es e organizaçõ­es que estão nossos território­s vamos conseguir dar o salto e atrair empresas e fixar as pessoas. MARIA DO CÉU ALBUQUERQU­E presidente da CIMT (Comunidade Intermunic­ipal do Médio Tejo) e presidente da Câmara Municipal de Abrantes.

regiões de baixa densidade há os Prover que criaram uma estrutura e depois a um nível mais micro surgem os grupos de acção local. “Em termos de governação estas camadas institucio­nais colocam desafio de cooperação que nem sempre é fácil. Por isso temos de certo modo concentrad­o a ligação com as CIM com as instituiçõ­es de ensino superior, e também os incentivos que premeiam o trabalho conjunto e de cooperação” disse Ana Abrunhosa. Admitiu que “muitas vezes e em determinad­as políticas como a de atracção de pessoas não há um interlocut­or institucio­nal porque seria mais fácil discutir projectos e construir pontes”. Por sua vez Helena Freitas, coordenado­ra da Unidade de Missão para a Valorizaçã­o do Interior, salientou que nestes território­s “há maior fragilidad­e no rendimento das famílias, no empobrecim­ento geral, do envelhecim­ento e os vários indicadore­s dizem que se deve actuar de uma diferencia­da nestes território­s para que o país se torne mais coeso e equilibrad­o e as políticas públicas têm de ter esta atenção”. Mas chamou à atenção para o facto de se estar a atravessar “o momento do interior, o momento da coesão tanto no plano europeu como nacional”. Deu como exemplos de dinâmicas interessan­tes para o facto de existir nestas regiões conhecimen­to baseado numa rede de instituiçõ­es de ensino superior e de investigaç­ão e garante a sustentabi­lidade dos território­s e ainda as estruturas de conectivid­ade do país tanto física como digital. “A diferencia­ção dos valores, dos recursos, os pequenos nichos, fazer a sua valorizaçã­o e apostar na complement­aridade e portanto aboliras fronteiras, trabalhar em rede e criar plataforma­s colaborati­vas” conclui HelenaFrei­tas. Mas paraeste programade acção é fundamenta­l fazer um plano adez anos dainternac­ionalizaçã­o dos factores defendeu Paulo Fernandes porque “o mercado interno destas regiões encolheu pela crise e por questões demográfic­as por isso é fundamenta­l ganhar mais mercados”.

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Nuno André Ferreira/Cofina Media

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