Notas conclusivas do 1.º Congresso Empresarial da Beira Baixa
Tendo em conta todas as dificuldades que um debate desta natureza apresenta, e fazendo agora um trabalho reflexivo sobe as intervenções que tiveram lugar nos diferentes painéis, os trabalhos desenvolvidos permitiram chegar às seguintes notas conclusivas:. 1. É premente desconstruir o estigma da interioridade e evitar a visão negativa de lamentação e até algo miserabilista, que por vezes, tentam associar a este território, que é o mais próximo de Espanha, logo da Europa e que dista apenas 200 km do mar. É importante que esse estigma seja devidamente combatido, no sentido de autocentrar o desenvolvimento e reforçar os vectores de afirmação identitária; 2. A abordagem de desenvolvimento que deve prevalecer deverá assentar não numa lógica de isolamento, mas de cooperação inter-regional, nomeadamente envolvendo territórios vizinhos, no quadro da ligação da região ao litoral e também a Espanha. Nessa perspectiva de abertura à economia global, foi defendido que seria importante elevar empresas de qualidade da região à condição de porta-estandartes da economia nacional, aportando com isso valor à economia regional. 3. Importa incrementar o nível de cooperação entre os atroes político-institucionais, empresariais e académicos, em torno de objectivos estratégicos comuns. Neste sentido o Estado deve ter um papel determinante na promoção de políticas de discriminação positiva para o país se desenvolver de forma mais equilibrada e dar voz e poder político aos territórios com a identificação de um interlocutor territorial único com legitimidade para definir uma estratégia regional conjunta para ser apresentada e negociada com o poder central; 4. Foi apontada a necessidade de aprofundar o trabalho em rede, promovendo parcerias colaborativas em função de projectos estratégicos, no sentido de criar escala e sinergias que se reflictam positivamente sobre a competitividade regional. Esta discussão não está dissociada da análise da definição de território - o que se entende, efectivamente, por Beira Baixa? - que permita a afirmação de lideranças políticas que possam dinamizar as dinâmicas de desenvolvimento competitivo e sustentável; 5. Tendo em conta que em grande medida está ultrapassada a fase de criação de infraestruturas de base, a região deve afectar recursos, de forma muito criteriosa e rigorosa, a novos investimentos como a IC31, autoestrada que liga Castelo Branco (A23) e a fronteira com Espanha, realizando também investimentos de melhoria na ferrovia da Beira Baixa com a consequente ligação à Beira Alta; 6. Foi frisada a importância de aprofundar a aposta na internacionalização das empresas, aliando as competências do saber-fazer às competências do saber-vender (criação de marcas, marketing e comunicação, redes de distribuição, etc.). 7. Foram sublinhados alguns bloqueios que importa equacionar no sentido de melhorar os níveis de competitividade empresarial e territorial, como por exemplo: a) O forte decréscimo populacional que vem marcando fortemente a região, problema a que importa dar cabal resposta estrutural, sob pena de se ultrapassarem limiares abaixo dos quais o desenvolvimento económico e a sustentabilidade podem ser colocados em risco; b) Custos acrescidos relativos ao pagamento de portagens nas antigas SCUT; c) Os custos de contexto; d) O desajustamento dos perfis de formação face à procura empresarial emergente. Continuar a investir na qualificação do capital humano é uma aposta estratégica que precisa ser continuada – é forçoso dotar a região e os seus agentes de maiores níveis de conhecimento científico e tecnológico, designadamente por via da crescente importância que vêm assumindo algumas actividades produtivas (fileira da madeira, TIC, …); e) Ausência de um aeroporto de referência, com impacto directo no turismo da Região, que se encontra demasiado dependente do mercado interno; f) Sistemas de incentivos não são os mais adequados para a diferenciação que se pretende para os territórios de baixa densidade; 8. Um dos principais atidos da região está associado também ao sa- ber-fazer industrial (agro-industrial, têxtil-vestuário, madeira, …), existindo uma cultura empresarial endógena que importa qualificar, apostando, igualmente, num maior esforço de cooperação entre o universo empresarial e as instituições de ensino superior da região. Devem ser encontradas as diferentes especializações territoriais, complementando-se entre si e colocando a todos a ambição de acelerar o ritmo de desenvolvimento e ser mais competente.
SÍNTESE
Correndo os riscos associados a estas reflexões, sintetizamos em 5 ideias as principais conclusões emergentes do trabalho desenvolvido no âmbito do 1º Congresso Empresarial da Beira Baixa: A. O Estado não se pode eximir às suas responsabilidades na promoção de uma trajectória de desenvolvimento mais competitiva, coesa e sustentável, nomeadamente pela formulação e implementação de um conjunto integrado de políticas de discriminação positiva que permitam, atempadamente, reparar ou amenizar distorções e desigualdades sociais, económicas e territoriais; B. A prioridade de investimento em infraestruturas que conduzam a região a patamares de maior competitividade empresarial e territorial, como sendo a construção da IC31 e investimentos de melhoria na ferrovia da Beira Baixa com a consequente ligação à Beira Alta; C. Incrementar o nível de cooperação entre os atroes político-institucionais, empresariais e académicos, em torno de objectivos estratégicos comuns dando voz e poder político a estes territórios; D. Aprofundar o trabalho em rede, promovendo parcerias colaborativas em função de projectos estratégicos, no sentido de criar escala e sinergias que se reflictam positivamente sobre a competitividade regional; E. Responder positivamente ao desafio da requalificação dos estores tradicionais e da atracção de estores de actividade emergentes com elevado potencial de empregabilidade. Responder positivamente a estes desafios é contribuir decisivamente para a criação de mais e melhor emprego, atacando assim as causas primeiras da forte tendência de despovoamento que marcam este território.